Nesta semana, mais
especificamente na quinta-feira (22/09), tivemos dois eventos importantes que
abordaram assuntos pertinentes ao ensino médio. Um deles foi o lançamento da
Medida Provisória nº 746 que promove a reforma do ensino médio. Já o outro
evento foi o lançamento do resultado da pesquisa “O que os jovens pensam da
escola e como eles gostariam que ela fosse?”, realizada pelo Instituto Inspirare.
A reforma do ensino médio,
que o governo Temer “tirou da cartola”, surge sem um mínimo de debate com o
Congresso Nacional e com a sociedade. As mudanças estabelecidas são robustas e
começam por ampliar a carga horária do ensino médio de 800 para 1.400 horas
anuais, sendo que sua implantação deve ser gradativa. Além disto, outras
mudanças que estão gerando polêmicas tratam do fim da obrigação atual de
estudar 13 disciplinas por três anos, reduzindo sua obrigatoriedade para
somente um ano e meio, passando a serem optativas. Também deixam de ser
obrigatórios o ensino da arte, do espanhol e a educação física.
Na segunda metade do ensino
médio será ofertado o itinerário formativo específico onde o aluno escolherá,
de acordo com a oferta, a área de conhecimento ou de atuação profissional que
deseja estudar. São elas: linguagens, matemática, ciências da natureza,
ciências humanas e formação técnica e profissional.
De acordo com a medida
provisória o ensino médio deverá promover a formação integral do aluno, uma
formação voltada para a construção de seu projeto de vida e para a sua formação
nos aspectos cognitivos e socioemocionais. Parece tudo perfeito e funcional no
papel, mas será que é isto mesmo que os nossos jovens desejam? Será isto que a
sociedade espera do ensino médio?
Pois bem, a pesquisa que
teve seu resultado divulgado no mesmo dia do lançamento da MP diz que os jovens
não estão nada satisfeitos com a escola, o que indica a necessidade de operar
mudanças. Os jovens consideram os aspectos estruturais da escola como sendo
insatisfatórios e não somente os enfoques programáticos. Neste quesito eles
preferem as atividades artísticas oferecidas na escola, enquanto que a MP as excluem.
Se na reforma estão querendo
uma formação integral devem garantir laboratórios e tecnologias na ação
formativa, entretanto 69% dos jovens classificaram como regular ou ruim a
aplicação da tecnologia na escola. Se o ensino médio passará a ser integral
terá que melhorar a alimentação que, para metade dos jovens, é ruim.
Além dos aspectos relativos
à área da educação temos que considerar que a reforma do ensino médio, que não
foi debatido com a sociedade, custará mais caro. Para isto o governo federal
apresenta uma política de fomento que garantirá recursos para os estados e o
Distrito Federal, só que pelo prazo de quatro anos. E quem pagará as despesas
após este prazo? Mais uma conta que o governo federal cria e quer repassar para
os outros.
Uma coisa é certa, em se
mantendo a reforma como está proposta haverá mais gastos na educação e os
resultados poderão não ser satisfatórios, além de gerar desemprego de muitos
profissionais que deixarão de serem requisitados para lecionar no ensino médio.
Sem falar que gerará o desinteresse por diversos cursos no ensino superior,
criando crises em outro nível do ensino.
Mudam-se os governos, mas
não se mudam as práticas. O governo Temer está fazendo mais do mesmo, ou seja,
fazendo políticas olhando para o seu interior sem avaliar o que a sociedade
anseia e necessita. O governo continua míope.
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