quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Como apagar a escuridão?

Enquanto boa parte do mundo está com o cronograma de vacinações contra a Covid-19 bem estruturado e em estágios que podem até serem considerados como avançados, por aqui as coisas estão bem devagar. O desenvolvimento de vacinas com relativa eficiência é fundamental para a proteção de vidas e para a retomada da vida cotidiana e do nível de atividade econômica.

A insistência negacionista do presidente e de seu séquito foi responsável por este atraso no Brasil. Se tivessem se preocupado com isto o governo teria se posicionado estrategicamente e poderíamos ter a garantia de atendimento de quantidades maiores de vacinas. Mais uma vez ficaremos para trás por causa da teimosia de pessoas autoritárias que pensam que sabem o que é melhor para a população.

Se não bastasse isto, os governos estaduais e o federal querem impor o retorno da vida cotidiano mesmo sem a garantia de vacinação. Isto é temerário, embora tenhamos que buscar alternativas para isto. O próprio retorno das aulas no formato presencial ou híbrido gera muitas divergências de opiniões. Mas se permitimos aglomerações em festas, praias, clubes, bares, restaurantes e em inaugurações de prefeituras sem o devido protocolo não podemos estranhar que tenham pessoas que concordem com o retorno das aulas com o cumprimento de protocolos de segurança.

O próprio governo do estado do Paraná autorizou o retorno presencial das aulas e a Secretaria de Estado da Saúde emitiu Resolução estabelecendo como devem ser os cuidados nas escolas públicas e privadas para este retorno. Inclusive estabelece a disponibilização de insumos e intensificação dos serviços de limpeza e desinfecção. É o correto, mas será que as escolas públicas e privadas têm recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis para cumprir com estes procedimentos? Se tivéssemos com o cronograma de vacinações mais avançado as coisas poderiam ser mais fáceis e menos arriscadas.

E acompanhando tudo isto temos a economia que não dá mostras de retomada da atividade, até porque umas pessoas estão com receio de sair e consumir e outras não conseguem consumir porque não possuem renda porque caiu o movimento de seus respectivos negócios ou porque perderam os empregos.

E para piorar as coisas os preços não param de subir. Alimentos, combustíveis, transporte coletivo e outros serviços públicos estão tendo seus preços majorados normalmente, se contrapondo à queda da demanda por falta de renda. Nos próximos quatro anos, incluindo 2021, temos uma expectativa de inflação de 14,3%, sendo que os preços administrados por contratos ou monitorados aumentarão 16,1%.

Também temos uma expectativa de crescimento do PIB de apenas 11,4% para o mesmo período, o que significa que os empregos que se perderam nos últimos quatro anos não serão recuperados nos próximos quatro, com o agravante de que os salários reais perderão poder aquisitivo por conta da inflação em alta.

Com a não retomada do crescimento da economia de forma vigorosa e com a manutenção do desemprego em patamares elevados há uma tendência de termos um aumento da extrema pobreza no país, fato que somente poderá ser amenizado com a manutenção do auxílio emergencial. Porém, as contas públicas não comportam mais gastos que gerem déficits.

Mas nossos políticos querem a manutenção do auxílio emergencial sem que seja considerado o teto de gastos e sem os respectivos cortes de despesas. Querem mágica. Temos que descobrir como acender as luzes da razão e apagar a escuridão da ignorância e individualismo de alguns agentes políticos.

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