quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Irresponsabilidade sobre rodas

O trânsito é uma engrenagem complexa de nossa sociedade, onde a fluidez e segurança deveriam ser os princípios norteadores, porém, existem gargalos e problemas que se multiplicam a cada dia. A realidade muitas vezes se traduz em congestionamentos e desafios que se intensificam diariamente. Nesse contexto, os motoqueiros sobressaem-se pela sua habilidade em navegar com destreza pelo tráfego, embora também estejam no centro de debates acalorados. Uma questão pertinente abordada recentemente neste espaço é a perturbação provocada pelos ruídos estridentes dos escapamentos de motos, que constituem uma verdadeira ofensa sonora e contrariam as regulamentações técnicas vigentes.

Contudo, o problema não se limita a esse aspecto auditivo. O comportamento de certos condutores de motocicletas tem contribuído para um cenário de transgressões e perigos. Aqui, é essencial distinguir entre motoqueiros e motociclistas. Os motociclistas argumentam que a associação de sua imagem aos motoqueiros é injusta e insensata. Para eles, motoqueiros são sinônimos de arruaceiros, indivíduos que veem as ruas como pistas de corrida e de exibições de manobras. Por outro lado, os motoqueiros – muitos se identificando como motoboys – defendem sua dignidade profissional, orgulhando-se de sua habilidade em navegar pelo caos urbano para cumprir suas entregas e obrigações.

Embora reconheça a distinção evidente entre os grupos, é indiferente a terminologia empregada ou as percepções de orgulho e desprezo que possam existir. O fato é que condutores de outros veículos e a população como um todo sofrem as consequências dos ruídos abusivos e das condutas imprudentes perpetradas por uma parcela notável daqueles rotulados como motoqueiros.

É flagrante o desrespeito às leis de trânsito por parte desses indivíduos. Com manobras temerárias, transitam pela contramão, avançam sobre carros em sinais vermelhos, ignoram faixas de pedestres e costuram o trânsito com uma ousadia irresponsável. Não é raro vermos motocicletas “empinando” em vias públicas ou rasgando o silêncio da cidade em velocidades imprudentes, comportamentos que não apenas infringem o código de trânsito, mas colocam em risco a vida de todos.

Diante desse cenário, é premente a necessidade de ação por parte das autoridades. Blitz educativas e punitivas deveriam ser uma prática constante, não apenas como medida corretiva, mas também como ferramenta de prevenção. Afinal, o objetivo não é somente penalizar, mas conscientizar e promover uma mudança cultural significativa no que diz respeito à condução de motocicletas.

Poderíamos sugerir, se a preocupação com a segurança e a ordem pública não são suficientes para motivar a fiscalização, que considerem o aspecto econômico. É de se ponderar quantos desses veículos que cortam nossas vias diariamente estão com impostos e taxas em atraso. Não seria esta uma oportunidade de ouro para engordar os cofres municipais, ao mesmo tempo em que se promove a legalidade e a segurança?

A ironia, claro, serve para iluminar a seriedade da questão: temos uma responsabilidade compartilhada para com a segurança e a qualidade de vida em nosso tecido urbano. Motoqueiros ou motociclistas, autoridades ou cidadãos, todos têm um papel na manutenção de um trânsito seguro e civilizado. Que os roncos dos motores e as manobras perigosas deem lugar a uma sinfonia de respeito e prudência. É hora de acelerar as iniciativas de fiscalização e educação, antes que a linha de chegada seja marcada por tragédias anunciadas e evitáveis.


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