Dias atrás fui provocado por
um repórter que me perguntou qual seria o salário mínimo necessário para
Apucarana e região. Após algumas conjecturas metodológicas acolhi o desafio e
cheguei à conclusão que na região de Apucarana o salário mínimo necessário deveria
ser de R$ 1.430,16.
Segundo o DIEESE o valor do
salário mínimo nacional necessário deveria ser, em valores de novembro de 2013,
de R$ 2.761,58. Esse valor não condiz com a realidade das diversas regiões
brasileiras, uma vez que o custo de vida, a cultura local, o tecido industrial
e a dinâmica do comércio possuem características distintas.
Acredito que o valor de R$ 1.430,16
seja ideal para nossa região e para o nosso estado. Esse valor foi determinado
a partir de levantamentos do custo de vida em nosso estado, que é um pouco mais
baixo do que em outros. Com esse valor o indivíduo consegue financiar a
aquisição de sua cesta básica de alimentos e de todas as demais despesas
mínimas necessárias. Não chega a ser um valor de impressionar, mas comparado
com os atuais R$ 724 já melhoraria a situação de muitas pessoas.
Entretanto, para minha
surpresa, constatei que o piso salarial convencionado para as maiores
categorias empregadoras da região acaba sendo inferior ao salário mínimo
necessário calculado. O piso salarial dos vendedores do comércio varejista é de
somente R$ 915 e o dos trabalhadores da indústria do vestuário de R$ 850. Essas
duas são as categorias que mais empregam em Apucarana e seus salários estão
muito inferiores ao valor necessário calculado.
É claro que podemos deduzir
que boa parte dos empregadores paguem salários maiores que o piso, entretanto o
valor definido na convenção coletiva não garante a manutenção das despesas
mínimas de cada indivíduo.
Ressalta-se que essa
condição não é imposta pelos empregadores, mas é determinada por um grande
conjunto de fatores socioeconômicos, culturais e políticos, dentre outros, que
contribuíram para essa realidade.
É claro que se os salários
fossem maiores as pessoas consumiriam mais, as empresas venderiam mais, teriam
mais lucros e condições de arcar com os salários maiores. Mas, por outro lado o
aumento salarial provocaria inflação, ou seja, aumento de preços ocasionados
pelo aumento dos custos. Com isso o aumento salarial seria corroído pela
inflação e poderia voltar a valer, em termos reais, o mesmo valor anterior ou
menos.
Esse exercício é somente
para começar a provocar o debate, uma vez que não há uma fórmula mágica ou uma “receita de bolo” que possa resolver a
questão posta sem maiores complicações.
Temos que aumentar o
rendimento médio real dos cidadãos da região, que está aquém do de outras
regiões com as mesmas características, sim. Mas fica a pergunta: Como? Está
aberto o debate.
Com efeito, temos que concordar com Milton Friedman quando este afirmou que “não existe almoço de graça”.
Publicado no jornal Tribuna do Norte de 04/01/2014.
0 comentários:
Postar um comentário