Tem um ditado popular que
diz que: “é fácil chutar cachorro morto”. Na verdade a expressão correta é que:
“ninguém chuta cachorro morto”. Tal afirmação tem alusão ao fato de não ser
possível incomodar ou atacar pessoas que não possuam valor ou mesmo capacidade
de reação.
Nos últimos meses tivemos
mostras contumazes de diversas críticas e manifestações contra o governo de
Dilma Rousseff, das quais destaco as críticas à forma com que se conduzia a
política econômica. Seus procedimentos foram recheados de mentiras, omissões e
incompetência. Desde o seu primeiro mandato as práticas de política econômica
não demonstravam a firmeza e a segurança que os agentes econômicos necessitavam.
A “nova matriz” econômica
desenhada por Dilma e por Guido Mantega era baseada em juros baixos e câmbio
desvalorizado em relação ao dólar e superávit primário conforme as necessidades
da economia. Entretanto esta combinação não deu certo porque os juros baixos
potencializaram a pressão inflacionária pelo lado da demanda, o câmbio
desvalorizado alimentou a inflação pelo lado dos custos e gerou um aumento do
risco país e, por último, o superávit primário flutuante abriu brechas para um
aumento do gasto público. Combinações explosivas.
Com efeito a inflação
aumentou, o PIB encolheu e o desemprego aumentou. Crise econômica interna e não
externa como anunciavam. Não é preciso dizer mais nada: foram mentiras e
incompetência. As críticas eram formuladas não porque o governo Dilma estava
acabado, “morto” e poderia ser chutado sem reação. As críticas tinham o
objetivo de provocar uma reação positiva do governo no sentido de
redirecionamento da política econômica para que a economia pudesse voltar para
os rumos esperados. Isto não aconteceu e foi a gota d’água para engrossar a
fila dos que queriam a mudança de governo.
Com a assunção de Temer não
podemos esperar soluções milagrosas e rápidas. O reestabelecimento da economia
passará pela redução do déficit público o que poderá ser alcançado através do
aumento da receita, da redução das despesas ou de uma combinação das duas
alternativas. Será um governo neoliberal para o “arrepio” da esquerda
sonhadora. E suas medidas serão duras, principalmente para as camadas mais
pobres da sociedade, uma vez que deveremos ter redução de gastos públicos nas
áreas sociais e aumento de impostos que, via de regra, afetam direta e
indiretamente com maior intensidade os menos abastados.
As medidas que estão sendo
sinalizadas pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dão sinais de
que nós, brasileiros, teremos dias difíceis pela frente. Teremos que enfrentar
no curtíssimo prazo, ainda em 2016, cortes em despesas públicas, aumento de
impostos, aumento de preços e de desemprego para podermos experimentar uma
melhora sensível para 2017. Já no médio prazo teremos duas reformas:
trabalhista e previdenciária, que encontrarão resistência junto aos movimentos
sociais.
Agora quem está com a
batuta na mão é Michel Temer e a sociedade deve monitorar, questionar e cobrar
as suas ações. Não devemos mais nos preocupar com Dilma Rousseff. Afinal de
contas, “não se chuta cachorro morto”.
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