terça-feira, 12 de junho de 2018

Missão impossível?

Se já não bastasse a irresponsabilidade do governo Dilma na condução da política econômica brasileira agora temos, também, a inépcia e a irresponsabilidade do governo Temer. E para agravar este quadro o cenário econômico internacional não está ajudando porque muitas economias do globo estão tendo crescimento econômico relevante, aumento do nível de emprego e aumento de seus fluxos comerciais. Mas os principais protagonistas estão jogando duro e as economias emergentes sofrendo.

A economia brasileira deverá crescer entre 1,3% e 1,9% este ano. Porém, o quadro poderá se agravar se a cotação do dólar se mantiver nos níveis atuais por muito tempo. Que a cotação do câmbio irá reduzir é certo, porém se demorar muito teremos um forte impacto do câmbio na inflação. Soma-se a isto o aumento dos fretes e a inflação poderá ultrapassar a meta estabelecida e o crescimento real da economia poderá ser comprometido ainda mais.

Outro dado importante para a análise da conjuntura econômica é o vencimento de títulos federais nos próximos meses: de julho a outubro cerca de R$ 266 bilhões em títulos federais deverão ser resgatados. Desta forma, o governo federal terá que “rolar” este montante, uma vez que não possui recursos financeiros para pagá-los. Soma-se a isto o déficit primário projetado em cerca de R$ 140 bilhões e os juros sobre a dívida, que podem chegar próximo de R$ 420 bilhões, o governo federal terá que se endividar em mais R$ 826 bilhões.

É óbvio que para conseguir fazer isto terá que manter os juros nos níveis atuais ou, dependendo do risco-país, até aumentá-los. Assim, o crescimento econômico é freado ainda mais e o nível de desemprego não reduzirá.

Mas, como nem tudo é notícia ruim, teremos Copa do Mundo de Futebol para amortecer os ânimos dos brasileiros e também teremos eleições ainda neste ano.

Se os brasileiros se empolgarem com o desempenho da seleção na Copa do Mundo pode até ser que o governo federal ganhe um fôlego e não seja muito cobrado por ações mais efetivas, eficientes e responsáveis.

O quadro econômico não está nada bom para o país, mas os cidadãos devem ficar atentos para o que está acontecendo na política e escolher o candidato menos ruim. Isto porque candidato bom ainda não apareceu nenhum. Dos pré-candidatos que ainda mantém suas intenções de concorrer ao pleito para presidente da República praticamente nenhum demonstrou, até o presente momento, possuir um plano de trabalho para reverter o cenário adverso da conjuntura econômica.

Bolsonaro nem sabe o que é economia e quando questionado diz que designará um economista para cuidar disto. Porém, quem o está assessorando nesta área é um economista liberal e as primeiras ideias anunciadas pelo pré-candidato não surtirão nenhum efeito positivo para a economia.

Marina Silva se posiciona contra privatizações, defende a expansão de gastos sociais, não tem proposta para a Previdência Social, é contra a reforma trabalhista e o teto dos gastos e já anunciou que não é possível reduzir a carga tributária.

Na mesma linha de Marina Silva vem o pré-candidato Ciro Gomes, só que este com um tempero adicional que é o seu temperamento forte e explosivo. Propostas de políticas econômicas mais coerentes apresentam os pré-candidatos Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, porém possuem pouca intenção de votos nas pesquisas recentes. Já os outros, os outros são os outros e só.

Trocando em miúdos: os brasileiros podem apertar o cinto porque o piloto atual sumiu e o próximo poderá ser um “kamikaze”. Daí a pergunta pertinente: quem poderá nos defender?


Um comentário:

  1. Meu caro Rogerio a sua análise se enquadra perfeitamente com a nossa realidade. Parabéns!

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