quarta-feira, 13 de julho de 2022

Uma política para a indústria

O setor industrial ganhou relevância estratégica para o desenvolvimento das principais economias do globo desde a segunda metade do século XVIII. A mesma importância este segmento teve para as economias em desenvolvimento. Esta relevância tem relação com o nível de atividade que se responsabilizou por grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) de seus países, bem como pela geração de emprego.

Entretanto, muitas destas economias presenciaram um processo de desindustrialização, seja pelas vantagens absolutas ou pelas vantagens comparativas de produção de outros players internacionais. É claro que para cada país teremos uma história particular para o processo de desindustrialização, mas podemos apresentar um grande motivo de caráter geral que é a imigração de grande parte da produção mundial para países do oriente, tais como China, Coréia do Sul, Taiwan e Singapura. Agora este processo está ocorrendo, também, para a Índia.

De forma particular, o brasileiro, temos que o setor industrial sofreu (e sofre) com uma elevada e complexa carga tributária, pesados encargos trabalhistas e a ausência de uma política pública que incentive o desenvolvimento industrial e o consequente aumento da produtividade e competitividade do setor.

No Brasil o governo até extinguiu o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e muito pouco se fez nos últimos vinte anos para valorizar este setor que no ano de 1985 era responsável por 48% do valor adicionado no PIB e por 27,6% do total de emprego formal no país. Este cenário reduziu a participação no valor adicionado no PIB para 26,7% no ano de 2000 e para 22,2% no ano de 2021. No caso dos empregos formais houve uma redução na participação relativa para 20,2% no ano de 2000 e para 17% no ano de 2021.

Este mesmo movimento ocorreu nos estados e municípios do país com uma dinâmica agravada com a disputa pela atração de empreendimentos industriais de uma região para outra. Com isto, presenciamos, também, um processo de migração da produção e das plantas industriais para outras regiões. Desta forma, a configuração do tecido produtivo brasileiro sofreu forte transformação nos últimos 35 anos.

O estado do Paraná e, em especial, os municípios de Apucarana e Arapongas conseguiram manter os empregos relativos no setor industrial neste começo de século. Porém, a ausência de uma política de desenvolvimento industrial pode fragilizar e colocar em condições de vulnerabilidade o futuro do emprego industrial.

O momento eleitoral é propício para a discussão de propostas para o fortalecimento do setor industrial e a população e, principalmente, a sociedade civil organizada deve provocar este debate com os pretensos candidatos, bem como alinhavar compromissos para a construção de uma política industrial sólida que contemple desde o processo de formação de mão-de-obra técnica e superior até políticas de incentivo que garantam ganhos de competitividade através do aumento da produtividade a partir das potencialidades existentes.

São medidas estruturantes que se consolidam no longo prazo e que devem ser discutidas de forma permanente para não corrermos o risco de termos mais uma opção de geração de emprego e renda definhando.

Só que para os governos se sensibilizarem e passarem a se preocupar com a temática é necessário que a discussão se inicie pelos cidadãos locais. E esta discussão pode e deve ter uma governança heterogênea, sem a exclusividade de integrantes “chapa branca”. Somente assim os interesses coletivos poderão ser garantidos.


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