quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Sem opções

Há uma relação direta entre o nível de emprego e o nível de atividade econômica. Quando o Produto Interno Bruto (PIB) aumenta significa que a economia está gerando mais empregos. Os resultados recentes do mercado de trabalho vêm motivando muitos militantes que reverberam as “profecias” de Paulo Guedes. A impressão que tentam passar é de que as coisas estão boas e que ainda irão melhorar mais.

Pode ser que isto ocorra, mas não será pela atuação pró-ativa do governo. Os empregos estão ressurgindo, porém não da forma vigorosa com que estão propalando pelos cantos do país. Algumas pessoas podem até alertar que o nível de emprego pré-pandemia já foi recuperado com folga. Pode ser que sim. Mas a questão central não pode ser reduzida à simplicidade desta análise.

Por inúmeras vezes fiz a crítica aos governos Lula e Dilma por não promoverem políticas econômicas para o crescimento e geração sustentável de empregos. Este acompanhamento já remonta a décadas e não foi feito nada de concreto para garantir empregos na mesma intensidade do aumento da população em idade de trabalhar.

Os defensores dos governos citados nas críticas podem se alvoroçar e mostrar indicadores de geração de empregos no período de 2003 a 2016. Porém, não conseguem apontar as ações efetivas de políticas que geraram estes empregos. No período de 2003 a 2010 (governo Lula) o crescimento do emprego formal foi consequência de um processo de crescimento global, na qual o Brasil “surfou na onda”. Não é possível atribuir o crescimento econômico e, consequentemente, do emprego às políticas implementadas pelo governo. Foi a dinâmica natural de nossa economia.

No período de 2011 a 2016 (governo Dilma) tivemos uma política econômica desastrosa que tratou de criar uma crise fiscal que jogou o país numa forte recessão, “encolhendo” nosso PIB e derrubando o total de empregos formais dos 49,6 milhões no ano de 2014 para 46,0 milhões em 2016.

Os anos de 2017 e 2018 (governo Temer) foram marcados por reformas relevantes que conseguiram retomar a confiança dos agentes econômicos para com a economia brasileira e o crescimento do PIB voltou retomando, também, os empregos formais, que encerraram o ano de 2018 com um total de 46,6 milhões de empregos formais.

Quando se fala em retomada entendemos que os indicadores voltaram aos níveis anteriores aos choques e a taxa de crescimento converge para a média histórica anterior. Dados do Novo CAGED apontam para um estoque de empregos formais em junho deste ano de 42,0 milhões. Portanto, no período de 2019 a 2022 (governo Bolsonaro) ainda não tivemos uma sinalização de política econômica que pudesse retomar a dinâmica do crescimento do produto e do emprego que nossa economia experimentava na primeira década deste século.

É claro que temos que considerar a pandemia no contexto da análise e é por isto que não dá para afirmar que tivemos uma política de crescimento, mas uma política para tentar minimizar os impactos da crise gerada pela pandemia. Mais nada.

Outro indicador que demonstra que ainda há muito a ser feito em matéria de política econômica para a retomada é o salário médio real das admissões. Em janeiro de 2020 estava em R$ 2.135,21 e em junho deste ano caiu para R$ 1.922,77.

O que nosso país necessita é de um governo que apresente propostas concretas e sustentáveis para a melhoria da qualidade de vida da população, o que não ocorreu nos últimos 20 anos. E pelo que tudo indica as opções potenciais não são boas. Não apresentam as soluções necessárias. Mais uma vez teremos mais do mesmo.


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