quarta-feira, 8 de março de 2023

Chega de conversa fiada

Nos últimos anos o quadro econômico se deteriorou muito e todos os avanços econômicos e sociais que tivemos na primeira década do século XXI retrocederam. Os defensores de políticos de estimação irão criticar tal afirmação e justificar que tivemos uma pandemia. Sim, o mundo teve uma pandemia, não foi somente o Brasil. Por isto temos que analisar as nossas condições socioeconômicas médias de forma relativa com as economias do mundo todo.

Resolver os problemas econômicos não é tarefa fácil e nem possui receita específica, depende muito da conjuntura e estrutura locais e globais. Por isto, além de analisar as diferenças regionais existentes internamente, temos que fazer as comparações das nossas médias com as dos outros países.

Por exemplo: precisamos de investimento em nossa economia para financiar o crescimento econômico. O investimento é resultante da capacidade de geração de poupança interna. Como nossa economia apresenta uma poupança interna insuficiente, ficamos dependentes da poupança externa, que utilizamos na forma de investimento direto no país.

A expectativa é que o investimento direto no país seja de US$ 80 bilhões neste ano. Pode parecer muito, mas não é o suficiente para garantir um crescimento significativo para nossa economia, haja vista que a previsão é de um crescimento de 0,85% em 2023. Olhando por outra perspectiva, podemos avaliar a intenção dos investidores mundiais em direcionar seus recursos para nossa economia. No ano de 2010 o Brasil ocupava a nona colocação no ranking de investimento estrangeiro direto, com 2,8% do total mundial, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

No ano de 2014 passamos para a décima segunda colocação mundial no mesmo ranking, o que não seria ruim se os valores nominal e relativo tivessem melhorado, só que pioraram: passamos a ter 2,0% do total de investimento estrangeiro mundial. No ano de 2018 passamos para a décima sexta colocação, com 1,6% do total e no ano de 2021 ficamos na décima nona colocação, com 1,3% do total.

É inequívoco que nossa economia passou a ser preterida como destino do investimento estrangeiro mundial. E o que causou isto? É um conjunto de fatores que os investidores consideram e que podemos destacar o desequilíbrio nas contas públicas, baixa produtividade média da mão-de-obra e do capital, a ausência de políticas públicas estruturantes e o cumprimento de metas para o desenvolvimento sustentável.

Podemos especular que parte do investimento estrangeiro que está sendo aplicado no país é por causa dos juros reais elevados e, se os juros caírem, é possível que diminua o total deste importante fluxo para o crescimento da economia.

O governo critica o Banco Central pela manutenção dos juros em patamares elevados, e a justifica como alternativa para melhorar o investimento interno, porém não apresenta evidências empíricas de que se os juros reduzirem o investimento privado interno aumentará. Também não demonstram o quanto que o investimento estrangeiro reduzirá se os juros diminuírem.

Fato é que somente a redução dos juros não será suficiente para nossa economia crescer de forma mais vigorosa. Para isto acontecer também precisamos que a população tenha maior poder aquisitivo, a inflação esteja controlada, as contas públicas equilibradas (ou com superávit) e nossa produtividade aumente significativamente. O governo tem uma missão difícil pela frente e precisa demonstrar como pretende fazer isto. Para crescer não basta discursos populistas. Precisa de ação efetiva. O resto é “conversa fiada”.


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