quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Desafios da política econômica

Na campanha eleitoral de 2022, assim como nos primeiros meses do governo eleito, já em 2023, as críticas dos partidários governistas em relação ao alto nível dos juros eram notáveis. De fato, a taxa básica de juros, a Selic, encontrava-se elevada. O presidente expressou insatisfação, criticando abertamente a situação. Esta postura foi ecoada por seus líderes, assessores e apoiadores. Contudo, estas ações não resultaram na redução drástica dos juros. O Banco Central não se mostrou perturbado em oferecer explicações e manteve a taxa de juros elevada.

Observou-se um leve indicativo de redução na Selic no mês de agosto, quando a taxa diminuiu de 13,75% para 13,25% ao ano. Em setembro, houve outra modesta redução, levando a taxa para 12,75% ao ano, e em novembro, registrou-se uma nova queda, atingindo 12,25% ao ano. Apesar dessas reduções, a taxa ainda se mantém em um patamar elevado. Espera-se uma diminuição em dezembro de meio ponto percentual, encerrando o ano de 2023 em 11,75% ao ano. No entanto, essa taxa continua sendo considerada alta.

É intrigante o repentino silêncio dos governistas frente à elevada taxa de juros, mas é possível analisar o impacto potencial dessa taxa nos indicadores econômicos dos próximos anos, considerando também a abordagem do governo na condução da política econômica. Ao focar na inflação, percebe-se que o alto juro teve uma contribuição limitada para a diminuição dos preços no médio prazo. Para este ano, as expectativas de inflação diminuíram um ponto percentual, mas isso não teve um efeito significativo sobre a inflação projetada para os próximos anos. De fato, as expectativas de inflação para 2024 sofreram um leve aumento.

A alta taxa de juros teve um papel na ligeira redução do câmbio e na melhoria das expectativas relativas ao saldo da balança comercial. No entanto, essa melhora nas expectativas decorre mais da diminuição nos fluxos comerciais do que de um aumento nas exportações. Com juros elevados impactando o financiamento do setor produtivo e a queda da taxa de câmbio, surgem fatores que comprometem os fundamentos da economia. Consequentemente, nesse cenário, o investimento direto no país também apresenta uma tendência de queda.

De fato, espera-se um modesto crescimento econômico neste ano, resultado mais da dinâmica econômica natural do que de uma política econômica eficaz, considerando que poucas iniciativas significativas foram observadas por parte do governo federal. Para os próximos anos, projeta-se um crescimento baixo, acompanhado de um desempenho fraco no consumo das famílias. O decréscimo na taxa de desemprego registrado este ano poderá ser anulado nos próximos três anos, devido à falta de uma política econômica sólida focada na geração de empregos. Existe a possibilidade de o governo atual entregar ao próximo uma taxa de desemprego mais alta do que a encontrada no início de seu mandato, além de um nível de endividamento mais elevado.

A aparente inatividade do governo na implementação de políticas públicas eficazes revela uma preocupante desconexão com as necessidades da população. As promessas e pequenas variações na taxa de juros não se traduzem em ações concretas para estimular o emprego, controlar a inflação ou incentivar investimentos produtivos. Essa estagnação não apenas ameaça a recuperação econômica atual, mas também coloca em risco o desenvolvimento socioeconômico equilibrado e inclusivo no futuro. A falta de medidas impactantes sinaliza um descuido com o bem-estar dos cidadãos e com o futuro da nação.


0 comentários:

Postar um comentário