O Ministério do Planejamento
afirmou que o momento econômico brasileiro tem se mostrado desafiador. Isto está
escrito no 5º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado neste
mês e confirma o cenário de deterioração da atividade econômica e das contas
públicas. Mas isto não é novidade, pois as atas das reuniões do Comitê de
Política Monetária (COPOM) vem indicando isto mensalmente e os analistas de mercado
e economistas também.
No relatório confirmou-se a projeção
de um “desastre” na evolução do PIB, que deverá encolher entre 2,95% e 3,33%
neste ano e como esta evolução é que orienta as projeções de receitas e de
despesas do governo federal fica claro que o governo não está sendo fiel aos
preceitos básicos que balizam a gestão financeira e orçamentária.
Oras bolas, se o governo
sabia que ocorreria a retração da economia e com isto a retração da
arrecadação, nada mais correto e honesto de serem conservadores na condução da
política fiscal ajustando as despesas realizadas às receitas previstas. Mas o que tem
acontecido é realmente o contrário, ficam projetando aumentos de receitas para manter
e até mesmo aumentar o nível real de despesas. Um verdadeiro absurdo, do ponto
de vista técnico, e uma grandiosa traição para com o povo brasileiro.
Fizemos uma verdadeira “lambança”
que culminou numa crise fiscal, que se transformou em crise econômica e que se
transformou em crise política. A confiança está abaladíssima e muito pouco se
fez e se pode fazer para resolver o problema. Para tentar “manter a relação”
foram tomadas algumas medidas de ajustes para contingenciar recursos não
discricionários, mas novamente o componente ideológico impede o governo federal
de ser mais corajoso e de tomar medidas mais robustas no sentido de equilibrar
as finanças públicas.
O estrago já está feito e
com isto os estados e municípios irão sofrer um verdadeiro “sangramento” em
suas contas neste ano. A revisão da estimativa da receita líquida de transferências
a estados e municípios indica uma forte queda nos repasses da União e que não
serão compensadas pelas transferências dos estados e nem pela arrecadação de
impostos e taxas nos municípios. Com isto o “cinto” das prefeituras deverão ser
apertados ainda mais e muitas deverão ter dificuldades para fechar as contas no
final de 2015. Não adianta cortar o cafezinho e nem trabalhar em meio
expediente, porque as despesas já estão feitas e devem ser pagas.
Mas isto também estava sinalizado
há muito tempo, só não enxergou quem não quis. Fomos traídos e sabíamos que
seríamos. Nada fizemos.
O professor Vandereley Ceranto
postou numa rede social uma frase de Arthur Schopenhauer que diz que “A riqueza
é como água salgada: quanto mais se bebe, mais sede se tem”. Mas completou,
como uma solução, que devemos ter em mente o mesmo pensamento de Gotthold
Lessing que afirmou que “a riqueza é a menor das necessidades; [pois] a maior é
a sabedoria”.
O que faltou para nossos
governantes não foi somente honestidade, uma vez que mentiram e traíram o povo
brasileiro, o que também faltou foi sabedoria para cultivar o estado de bem estar
social e trazer felicidade e harmonia para todos. Mas agora, Inês é morta.
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