domingo, 21 de agosto de 2016

Mantendo a esperança

Segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui cerca de 206 milhões de habitantes. E segundo o mesmo IBGE temos cerca de 11,6 milhões de pessoas desempregadas. Considerando estes dados poderíamos pensar que a taxa de desemprego é de 5,6%, porém a indicação é de que a taxa de desocupação chegou a 11,3%.

Se considerar as estatísticas oficiais de desemprego o Brasil está com a quarta maior taxa de desemprego do continente americano, ficando à frente somente das Bahamas (15,7%), República Dominicana (14,0%) e Jamaica (13,3%). Por incrível que pareça estamos com desemprego maior do que a própria Venezuela, mas não dá para confiar muito nas estatísticas do governo venezuelano. Se compararmos com países desenvolvidos selecionados e com os próprios BRICS (denominação dada para o conjunto das economias do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) o desemprego aqui somente não é maior do que o da África do Sul (26,6%), Espanha (20,0%) e Itália (11,6%).

Segundo as estatísticas oficiais, é considerado para o cálculo do desemprego as pessoas que não estão trabalhando e que estão disponíveis para trabalhar e que estão procurando emprego no momento da pesquisa. Também considera somente a População Economicamente Ativa (PEA) que, no caso do Brasil, engloba a faixa etária de 15 a 60 anos. Portanto, é por isto que a taxa não é sobre a população total.

É claro que o volume de pessoas desempregadas é muito maior que 11,6 milhões. Nem todos os desempregados estão procurando emprego e um dos motivos é o que chamamos de desalento, ou seja, a pessoa precisa do emprego, mas não está procurando porque ele sabe que não vai encontrar. Também tem a quantidade de pessoas que não estão trabalhando e nem procurando emprego porque estão efetuando trabalhos precários, os populares “bicos”, para conseguir dinheiro para pagar suas contas.

A situação de emprego e desemprego no Brasil é grave e não há perspectiva de melhora. Pelo menos para dar conta de empregar metade dos 11,3 milhões de desempregado e chegar próximo da média da taxa dos países desenvolvidos, que fica abaixo de 6,0%.

Também porque a dinâmica da economia não é uniforme em todo o território, ou seja, há regiões que pode até ter mais empregos, mas não tem pessoas em quantidade e qualificação para ocupar as vagas e há regiões onde tem pessoas desempregadas, mas não tem empresas que absorvam esta mão-de-obra. Situação antagônica, conflitante.

O que tem que ser feito para retomar o crescimento e, consequentemente, diminuir o desemprego, é um forte ajuste na economia que equilibre as contas públicas e traga confiança, competitividade e produtividade para a economia brasileira. E isto não irá acontecer no curto prazo. Poderá demorar mais de cinco anos dependendo das medidas que forem tomadas e se forem tomadas.

O governo federal tentou sinalizar com medidas efetivas, mas já está fazendo concessões, os estados estão mais preocupados em equilibrar suas finanças e também nada fazem para tentar contribuir e os municípios fingem que o problema não é deles. É mais fácil falar que o problema do desemprego é do governo federal. Só que não.

Este ano temos eleições municipais e vamos aguardar para ver se o assunto do desemprego surge dentro das propostas dos candidatos e se eles apresentam ações para ajudar a amenizar o problema. A esperança é a última que morre.

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