Nós escolhemos a Dilma. Nós
escolhemos a Dilma-Temer. Nós escolhemos o Temer. Nós tiramos a Dilma. Nós
colocamos o Temer. Agora nós queremos tirar o Temer. Nós escolhemos os
senadores, deputados federais, governadores, deputados estaduais, prefeitos e
vereadores. Tudo é uma questão de escolha.
As decisões políticas e
econômicas dos governos fazem parte de nosso sistema político e muitos entendem
que as responsabilidades não são compartilhadas. Mas são. Somos responsáveis
pelo que acontece na área política, econômica e social, até porque os governos
possuem horizontes temporais limitados, uma vez que passam por eleições
periodicamente. Nas eleições periódicas a sociedade tem a oportunidade de
escolher entre manter os agentes políticos ou muda-los a partir de suas
respectivas atuações e de nossas demandas individuais.
Atualmente podemos dizer que
o “homo economicus” atua fortemente
no processo de escolha, pois as teorias econômicas são aplicadas ou utilizadas
para a solução de problemas que afetam as relações sociais. Isto é demonstrado
no que chamamos de teoria da escolha pública.
Numa análise positiva do
processo de escolha de dirigentes ou mesmo de votação de reformas, como estamos
presenciando atualmente no Brasil, podemos encontrar o paradoxo de Condorcet,
que viveu na época da Revolução Francesa. Ele demonstrou que é difícil
conseguir uma opinião ou decisão coletiva a partir de opiniões individuais.
Quando isto é detectado abre-se a possibilidade de manipulação da agenda de
votações alterando prazos e regras.
Neste contexto é que estão
ocorrendo as votações das reformas propostas pelo governo Temer. Há um conjunto
de negociações de grupos de interesses e há uma pressão por parte de membros da
sociedade para que as reformas sejam, ou não, votadas considerando interesses
particulares. São grupos que se organizam para questionar pontos das reformas
que estão em andamento.
Com a discussão entre os
grupos se instala aqui o paradoxo de Condorcet, pois os resultados das votações
das reformas não estão atendendo às demandas e reivindicações individuais e o
resultado acaba não agradando o conjunto da sociedade.
Precisamos de reformas para
alterar a estrutura política e social que temos atualmente. Porém aqueles que aprovam,
ou não, estas reformas sofrem pressões de grupos de interesses e as votações
acabam não atendendo a quem mais precisa delas: o conjunto da sociedade.
Precisamos da reforma tributária, política, trabalhista, previdenciária, enfim,
precisamos reformar o estado brasileiro. Do jeito que está não pode ficar. Não
há grandes perspectivas de melhoras com o modelo atual de escolha.
No modelo atual
identificamos que os detentores do poder de escolha prometem defender os pobres
da exploração dos ricos. Entretanto temos uma contradição que foi detectada
pelo economista liberal James Buchanan que afirmou que “o político é aquele
indivíduo que pede dinheiro aos ricos e votos aos pobres”. Daí temos que
perguntar: a quem eles irão atender? Quem eles irão defender?
Isto afirma a demonstração
de outro economista, Kenneth Arrow, que a partir das afirmações de Condorcet
desenvolveu o que chamamos de “teorema da impossibilidade de Arrow”, que afirma
não haver, nem nunca será criado, nenhuma regra de escolha coletiva que satisfaçam
os interesses do conjunto da sociedade.
Podemos concluir, no
popular, que “estamos numa sinuca de bico”: sem alternativas. Aí perguntamos: Quem
poderá nos defender? Desta vez acho que nem o Chapolim Colorado.
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