domingo, 11 de fevereiro de 2018

Preto no branco

Vivemos cercados de hipocrisia. Isto mesmo, cercados de pessoas que fingem e dissimulam os verdadeiros sentimentos e intenções. Não é exagero, é a pura realidade.

Muitas pessoas evitam emitir opiniões e, muitas vezes, concordam com os outros somente para não terem que defender suas ideias ou para não travar um debate no qual poderá se demandar muito tempo e esforço. Acredito que a maioria das pessoas ajam assim. Até porque dependendo com quem está sendo o debate ou a conversa já é sabido que nenhum argumento, por mais lógico e coerente que seja, irá mudar as opiniões e ideias de algumas pessoas.

Existem pessoas que possuem suas opiniões encharcadas de ideologias e tendências que não é possível argumentar para convergir para um consenso. Vejam a situação econômica e financeira do setor público: um déficit gigantesco e persistente que poderá levar a economia brasileira para um verdadeiro colapso dos serviços públicos. Porém nenhum agente político tem a coragem de debater as reais causas deste déficit e nem de propor soluções factíveis que causem o menor dano para a maioria dos brasileiros.

No caso do déficit da Previdência, que é um dos principais combustíveis do déficit fiscal brasileiro, há uma dificuldade de o governo votar a proposta de reforma porque não tem voto suficiente para aprovação. E por que? Porque os deputados têm medo do impacto que seus votos terão nas urnas, neste ano. Eles sabem que a reforma proposta mexe com a vida das pessoas e todos tem este esclarecimento e, com certeza, estas pessoas não votarão para reeleger deputados e senadores que aprovarem uma medida que irá prejudicar tanto a população.

O discurso do governo é que querem reduzir privilégios. Oras bolas: que privilégios uma pessoa que ganha até dez salários mínimos tem? Nenhum. Por que não discutem reduzir os repasses para os outros poderes? Por que não discutem eliminar o escandaloso auxílio moradia e outras formas de vantagens salarias disfarçadas de auxílios que são pagos para agentes públicos que já possuem salários elevadíssimos?

Por que não discutem reduzir as mordomias existentes na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, nas assembleias legislativas e em muitas câmaras de vereadores? Basta assistir os canais de televisão destes órgãos e veremos uma mostra do luxo e suntuosidade que existem nestes locais. Por que precisam ter carros oficiais e motoristas? Eles não sabem dirigir? E a história dos apartamentos funcionais, verbas de ressarcimento, passagens aéreas e diárias?

E as aposentadorias destes agentes políticos? Podem se aposentar proporcionalmente aos mandatos, enquanto querem que os brasileiros comuns trabalhem e contribuam mais de quarenta anos.

Enquanto muitos brasileiros não têm sequer o que comer as compras de alimentos para estes órgãos deveriam ruborizar as faces de nossos políticos. Mas pelo contrário, chegamos a ouvir desembargadores dizerem que, mesmo eles tendo imóveis próprios no município, eles recebem o auxílio moradia porque está regulamentado e como os outros recebem, eles também têm o direito de receber.

Vivemos cercados de hipocrisia. Num mundo onde nossos agentes políticos não têm coragem de colocar o “preto no branco”. Que não tem coragem de cumprir com os verdadeiros objetivos de seus mandatos eletivos que são os de defender a sociedade brasileira e de buscar promover a melhoria da qualidade de vida de todos a partir de políticas públicas eficientes. Mas este ano tem eleições e podemos mudar tudo isto. Bom seria se inventassem um detector de hipocrisias para que pudéssemos votar com maior assertividade.

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