domingo, 29 de julho de 2018

Oh vida, oh céus, oh azar…

O IBGE divulgou a revisão da estimativa demográfica dos padrões de crescimento da população brasileira: as Projeções da População. Estas projeções possuem fundamental importância como subsídio para a implementação de políticas públicas e a posterior avaliação de seus respectivos programas. Todos os agentes políticos e públicos, incluindo as instituições, deveriam se preocupar com estas informações. Mas o que vemos é um total descaso e desconhecimento acerca do assunto.

A população brasileira está envelhecendo e o que o poder público de forma geral está fazendo para acomodar tais mudanças? Como estão planejando o futuro de nossos jovens? Como pretendem tratar os idosos do futuro? Como tratam os idosos atuais?

Nosso país está no processo de transição demográfica que é um evento caracterizado pela mudança nas taxas de natalidade e de mortalidade. Este assunto foi tratado neste espaço há três anos e podemos dizer que pouca coisa ou quase nada mudou. Não vemos nenhuma discussão efetiva acerca da concepção e implementação de políticas públicas para os jovens e muito menos para os idosos. Sobre este assunto muito se fala e pouco se faz.

Os municípios, em regra geral, nada fazem, os estados tentam, mas não conseguem e a União tem suas ações dispersas por falta de eficiência, de eficácia e de recursos. Pensar na qualidade de vida das crianças, adolescentes e dos idosos, embora seja dever do estado brasileiro, se esbarra na incompetência e irresponsabilidade de nossos gestores públicos do passado e perpassa pelos da atualidade.

Não temos políticas públicas para os atuais e nem para os futuros jovens e idosos. E a alegação padrão dos gestores púbicos é de que não tem dinheiro suficiente para financiar tais ações. Porém as mordomias, viagens de jatinhos e conluios políticos para a manutenção de suas castas no poder nunca cessam.

A preocupação com nossos jovens e idosos por parte dos nossos políticos se limita a subfunções nos orçamentos públicos onde indicam algumas migalhas de recursos. Desafio a cada cidadão a perguntar para os vereadores, secretários municipais e prefeitos quais são as ações, metas e indicadores que compõem as políticas municipais de assistência às crianças e adolescentes? Perguntem também com relação aos idosos. Não saberão responder ou enrolarão.

Não basta o pensamento e a vontade para que possamos acessar os nossos direitos econômicos e sociais previstos na Constituição Federal. Nossos legisladores e nossos representantes no executivo devem elaborar e implementar políticas públicas para que nossos direitos sejam plenamente atendidos. Só que a maioria dos recursos públicos é gasta conforme as prioridades dos grupos de interesses dos políticos atuais, que não são as mesmas de nossos jovens e idosos.

Atualmente a razão de dependência demográfica total, que é o indicador do quanto que nossos jovens e idosos dependem economicamente dos demais, está em 44,03% para o Brasil e 43,39% para o Paraná. Em 20 anos este indicador será de 51,10% para o Brasil e 55,55% para o Paraná. Mas com um detalhe: a proporção de idosos quase ultrapassando a de jovens.

Daí, perguntamos: o que nossos políticos estão fazendo para preparar nossa estrutura social para essas mudanças? Se naturalmente está ocorrendo uma transição demográfica acredito que temos que fazer uma transição política: trocar os políticos atuais por novos políticos que se comprometam efetivamente conosco. Caso contrário, estaremos sempre repetindo o bordão da hiena Hardy, personagem do estúdio Hanna-Barbera: “Oh vida, oh céus, oh azar… isso não vai dar certo!”

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