domingo, 16 de setembro de 2018

Corta-luz

De forma inequívoca a economia brasileira está sendo afetada pelo período eleitoral. Todos os indicadores demonstram que os agentes econômicos estão muito sensíveis aos movimentos e tendências políticas. Muitos podem até dizer que isto ocorre em todos os períodos de eleições majoritárias, e é verdade, porém o diferencial deste ano é que o país ainda vive uma forte crise econômica que iniciou em 2008.

Os empresários não tem interesse em investir, os consumidores não tem renda disponível para gastar e o setor público vivencia uma crise fiscal sem precedentes na história econômica brasileira recente.

Pelo menos neste ano a economia vai crescer. Pouco mas irá crescer. Só que ainda está muito aquém do crescimento ideal para o tamanho da nossa estrutura econômica. Com efeito, a convergência para a melhora nos indicadores econômicos e sociais deve demorar a ocorrer.

Não é de hoje que é noticiado que a irresponsabilidade na condução da política econômica fez os indicadores econômicos e sociais caírem aos níveis do ano de 2010. Já se foram oito anos e não vemos avanços significativos. Com certeza levarão mais oito anos para que tais indicadores retornem à linha de tendência apresentada na década passada.

Tal retomada depende de muitos fatores que passam pela forma com que o próximo governo irá conduzir a política econômica, mais especificamente a política fiscal. Todos os candidatos, sem exceções, não apresentaram propostas nem linha de ação na área econômica que possam ser consideradas como críveis e exequíveis. A maioria não passa de promessas populistas de gerar mais empregos, reduzir os gastos públicos, retomar o crescimento, melhorar a renda média dos trabalhadores, combater a inflação, reduzir carga tributária, e por aí adiante.

O mais importante, que é como irão fazer isto, não dizem. Até porque até os candidatos não sabem como fazer isto. Na verdade a maioria deles sabe que não conseguem fazer isto em quatro anos. E daqui a quatro anos o eleito estará pedindo mais quatro anos de mandato para poder “concluir” os seus projetos. Como dizia minha avó: “é tudo farinha do mesmo saco”. Querem somente o poder e mais nada.

Diante deste quadro político vemos o desemprego se manter em níveis altos, a inflação corroendo o salário dos trabalhadores e o PIB tendo um crescimento medíocre. Realmente, estamos sem saídas.

O setor de serviços, responsável por grande volume de empregos em nossa economia, apresenta uma redução de 1% no volume de atividade apurado nos últimos 12 meses, sendo que a receita nominal do setor cresceu somente 2,6%. Se considerarmos a inflação do período fica nítido que o setor, que é um dos que mais emprega no país, está passando por uma forte crise.

Enquanto isto, no debate político os candidatos ficam usando da estratégia de “corta-luz”, ou seja, ficam debatendo assuntos diversos dos que devem ser debatidos. A discussão dos grandes problemas econômicos e sociais não está ocorrendo neste momento tão importante onde os cidadãos podem tentar “amarrar” compromissos de ações efetivas com os candidatos.

Da mesma forma, a sociedade não está discutindo tais assuntos com prefeitos e vereadores. Oras bolas, eles também são agentes políticos importantes e possuem acesso aos deputados, senadores e governadores e poderiam ser “porta-voz” de demandas efetivas e concretas para os governos estadual e federal. Toda a sociedade deve refletir sobre os problemas econômicos e sociais atuais e cobrar ações efetivas para sua solução, Caso contrário sempre iremos ficar reclamando da vida e nada fazendo para melhorá-la.

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