domingo, 9 de junho de 2019

A fila da frustação


A situação do desemprego no país é muito grave. Mas isto os trabalhadores já sabem. O que precisamos saber é se nossos agentes políticos sabem disto. Estudo recente efetuado pelo economista Cosmo Donato, da LCA Consultores, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apresentou um dado alarmante: dos 13,4 milhões de brasileiros desempregados na atualidade, 635 mil são considerados de difícil recolocação no mercado de trabalho.

O motivo da dificuldade de obter o reemprego é considerado como sendo a baixa qualidade da mão-de-obra disponível. Neste caso a expectativa é de aumento do desemprego no extrato de trabalhadores que possuem escolaridade igual ou inferior ao ensino fundamental completo.

Esta situação é replicada por todo o território nacional e isto, obviamente, inclui a nossa região. No caso da microrregião de Apucarana, que engloba nove municípios, somente no período de janeiro de 2018 até abril de 2019, ocorreu um aumento de postos de trabalho: foram criados, no período, 1.461 novos postos de trabalho.

Entretanto, neste período, aumentou o desemprego entre os trabalhadores que possuem escolaridade até o ensino fundamental completo na região. Foram 978 trabalhadores com esta faixa de escolaridade que perderam os seus empregos nos últimos dezesseis meses e até o presente momento ainda não conseguiram se recolocar no mercado de trabalho.

Assim como na situação nacional, a tendência é que o desemprego entre pessoas que possuam baixa escolaridade continue aumentando. Acontece que boa parte dos postos de trabalhos existentes e os que mais empregam exigem de seus pretendentes o domínio de habilidades e competências que demandam o uso de tecnologias, a aptidão de fazer contas e a capacidade de se expressar bem com as pessoas.

São problemas econômicos e sociais nacionais que se refletem localmente e que parecem estar muito distantes dos radares perceptivos e do interesse de atuação de nossos prefeitos e vereadores. Temos que desfiá-los a começar a debater tais questões. Não que a responsabilidade seja única e exclusivamente deles, mas omitir-se diante de quadro social tão grave é, no mínimo, temerário.

Quem sabe, com o desafio lançado, eles resolvem envidar esforços e pressionar deputados, senadores, governadores, ministros e, quem sabe, até o Presidente da República para tal problema.

A educação está no âmago deste problema. A evasão não é combatida e os níveis de qualidade são baixos, fato que é demonstrado pelos fracos desempenhos nas avaliações internacionais de aprendizagem. Prefeitos e vereadores podem até comemorar e propalar os desempenhos da educação local nas avaliações estaduais e nacionais, mas o fato é que se compararmos o desempenho nacional, estadual e local a nível internacional veremos o quão frágil é nosso processo formativo.

É claro que é um processo de conquistas e de avanços, porém não temos sequer notícias de debates sobre os problemas de nossa educação local. É possível que os debates ocorram, mas até que ponto que deles participam os agentes políticos que elaboram e implementam políticas de educação e aqueles que aprovam os respectivos financiamentos de tais políticas públicas?

Nossos prefeitos e vereadores devem começar a se preocupar com o problema da baixa qualificação dos cidadãos e com o aumento do desemprego. Mas de forma totalmente contrária eles ignoram tais problemas e ficam com discursos populistas e nada fazem. Se preocupar com asfalto é importante, mas também devem se preocupar em proporcionar educação de qualidade e em desenvolver políticas que gerem mais emprego e renda para todos.

Um comentário:

  1. Desemprego x Reforma da Previdência x político! O autor do texto foi feliz quanto ao foco na busca de solução para o problema. Mas querer que prefeitos e vereadores (políticos)Se preocupem com a baixa qualificação do cidadão, é no mínimo acreditar que a raposa é ótima guardiã do galinheiro !! O cidadão é o eleitor é a mesma pessoa, que vota, estando empregado ou desempregado. E na segunda opção, é muito mais importante para quem pensa e busca sempre a reeleição.

    ResponderExcluir