quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Que venha 2021

O ano de 2020 está para terminar e ninguém ficará com saudades dele. A expectativa quando se aproxima o final de um ano e começo de outro é de que o ano que se inicie seja melhor do que o que se termina. Neste caso, há milhões de motivos para desejarmos isto.

A pandemia mudou a vida de praticamente todo o mundo. Distanciamento e isolamento social, reuniões e aulas à distância, até mesmo consultas médicas ocorreram de forma remota. Fala-se em um novo normal, mas não temos a dimensão se já chegamos no final da transformação e, pelo que tudo indica, não chegamos, mesmo.

Para os governos o que interessa neste momento é fechar as contas de 2020 e começar a planejar o ano de 2021 sabendo que continuaremos enfrentando o Coronavírus ao longo de todo o ano que se iniciará. Mesmo com a promessa de vacinas eficazes as coisas não se amenizarão pelo simples fato de que não se produzirá em quantidades suficientes para uma vacinação em massa de toda a população mundial.

Por conta disto, os governos ainda deverão se manter vigilantes no combate à pandemia e deverão potencializar as suas ações de prevenção e de auxílio aos mais necessitados. Nesta linha, há a preocupação do governo federal em renovar o auxílio emergencial para o ano de 2021. O governo tem interesse político, uma vez que a popularidade do governo melhorou após o início do pagamento das parcelas do auxílio. Mas por outro lado é um auxílio necessário, pois sem ele a crise econômica poderá ser agravada com baixo consumo, aumento da extrema pobreza e podendo gerar caos na execução de políticas de segurança pública.

O grande entrave para a renovação é a possibilidade de se extrapolar o teto dos gastos e para isto é esperado que o governo federal anuncie medidas compensatórias para se evitar “furar” o teto dos gastos. Estas medidas podem não ser muito populares para algumas categorias, pois tratará de corte de despesas com pessoal, redução de subsídios e de renúncias fiscais, sem falar na sempre recorrente tentativa se desvincular a correção dos benefícios da previdência de valor superior a um salário mínimo à inflação do período.

São medidas duras e que até o momento o presidente Bolsonaro sempre se negou a aceitar, porém, para poder manter o auxílio emergencial sem correr risco de cometer ato ilegal é necessário efetuar algumas compensações na forma de gatilhos.

A não renovação do auxílio emergencial sem a retomada vigorosa da atividade econômica gerará um risco social enorme para nosso país. A retomada não acontecerá de forma vigorosa, portanto é necessário que o governo tenha uma estratégia para a manutenção do auxílio emergencial para evitar um caos social sem precedentes em nossa economia.

Num cenário prospectivo do ambiente macroeconômico temos que o PIB irá ter uma retomada, num cenário base, de 2,3% ao ano até o ano de 2030. Com isto a taxa de desemprego poderá subir dos atuais 13,5% de 2020 para 16,1% em 2021 e 15,2% em 2022 e mantendo uma média de 13,0% de 2023 a 2030.

O governo necessita manter o auxílio emergencial para poder ter uma sobrevida política e para isto terá que conseguir uma justificativa legal para romper o teto dos gastos ou terá que reduzir o crescimento das despesas primárias. Por conta disto, ainda persiste a previsão de déficits primários até o ano de 2025, num cenário otimista e, num cenário pessimista, se estenderá até o ano de 2030.

Os desafios econômicos e políticos que aguardam o governo Bolsonaro são enormes, resta saber se terão coragem e massa crítica para implementar as medidas necessárias.

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