quarta-feira, 16 de março de 2022

A hora do pesadelo

Se já não bastasse todas as “cabeçadas” dadas pelo governo federal ainda temos fatores externos que contribuem para a piora do quadro econômico interno. É claro que temos que considerar que o cenário econômico não está bom para nenhuma economia e tudo se agrava com o conflito na Ucrânia. Mas algumas coisas poderiam e ainda podem ser feitas para amenizar a situação.

A pandemia criou uma condição adversa para todas as economias. Quando as coisas sinalizavam para uma relativa melhora nos deparamos com o conflito na Ucrânia que tratou de criar novas perturbações. Em muitos países que ainda não tinham retomado de forma vigorosa as suas atividades esta nova perturbação soma-se aos efeitos da pandemia.

Um golpe quase que fatal para os brasileiros foi sentido quando a Petrobrás reajustou os preços dos combustíveis e gás de cozinha em índices elevados. É claro que muitos governistas podem afirmar que estes preços não eram reajustados há cerca de dois meses, mas o fato é que agora compensaram todos os aumentos que não haviam sido repassados e isto irá perturbar todos os preços e jogar mais um tanto de brasileiros para a pobreza.

O efeito imediato do aumento dos combustíveis se reflete diretamente no bolso dos brasileiros. Se não bastasse isto o reflexo sobre os preços dos bens e serviços também é de alta imediata, tanto que as expectativas de inflação para o ano de 2022 saltou dos 5,65% na semana passada para 6,54% nesta semana. Para tentar combater isto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil deverá elevar os juros básicos da economia nesta semana.

O problema é que o aumento dos juros não reduzirá a inflação porque a inflação que estamos tendo não é integralmente de demanda. Uma boa parte dela é de custos e o tratamento deve ser promovido de forma diferente. O aumento dos juros irá afetar as atividades que dependem do crédito e estas terão que precificar os juros maiores redundando em repasses dos custos financeiros para os preços finais. É uma medida que reflete a miopia do governo, para não dizer que estão todos perdidos.

Além dos impactos nos fretes de mercadorias também haverá pressão para o aumento das passagens urbanas e intermunicipais. Estima-se que haverá uma pressão para reajustes das tarifas em torno de 6,5%. Taxis também deverão ser reajustados. Os aplicativos de transporte já promoveram os reajustes sem melhorar os repasses para os motoristas, o que está causando insatisfação nestes trabalhadores.

A alternativa para o transporte público e mesmo para os taxis e aplicativos é uma só: subsídio. Agora resta saber quais prefeitos e governadores que irão bancar subsídios para estas categorias que atingem diretamente o bolso dos trabalhadores e das empresas que precisam patrocinar o vale-transporte para seus trabalhadores.

Já para aliviar os preços dos bens e serviços, em especial dos alimentos, também será necessário implementar um subsídio para o transporte de cargas. Não há solução mais efetiva. A redução dos impostos federais e a alteração da forma de calcular o ICMS sobre os combustíveis não resolverá o problema. Pelo contrário: agravará. O setor público terá menos receita e uma boa parte destes impostos serão apropriados pela cadeia produtiva, gerando pouco efeito de baixa nos preços para a população.

Estas soluções trazem a hora do pesadelo dos nossos políticos para o presente. Se agirem da forma como estão projetando a hora do pesadelo pode ser prorrogado para os próximos anos. Mas chegará não para eles, mas para todos os brasileiros.


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