segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Independente de quem ganhar, 2015 vai ser um ano muito difícil

Isso mesmo: independente de quem ganhar a eleição para a presidência da república o ano de 2015 será um ano de ajustes econômicos. Por mais que o candidato critique os programas e projetos da adversária e vice-versa, a receita para tentar combater os efeitos da desorganização econômica vivenciada pelo país nos últimos anos será a mesma.

O PIB não está crescendo de forma significativa, a produção industrial está definhando, a inflação voltou forte e o endividamento do setor público está aumentando. 

O Secretário-Geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, afirmou que é necessária uma melhora significativa da situação fiscal do Brasil. Isto aconteceu na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo ele, a inflação está acima da meta e deve ser combatida com a manutenção dos juros altos.

Essa deve ser uma das medidas a serem tomadas, sim. Independente de ser governo do PSDB ou do PT. Também deverão efetuar um ajuste fiscal, ou seja, reduzir o volume de gastos públicos para controlar o aumento da dívida do setor público.

Dos indicadores apresentados como ruins, a inflação é o que a população melhor entende seus efeitos. Com o resultado do IPCA de setembro o acumulado dos últimos 12 meses atingiu 6,75%, acima do teto da meta, de 6,5%, já admitidos pela equipe econômica do governo federal como sendo aceitável.

A probabilidade de se extrapolar esse teto é forte, basta verificar que a expectativa de inflação para outubro e novembro são de 0,5% e 0,6%, respectivamente.

A tentativa de segurar a inflação é o governo federal fazer o que alguns estados estão fazendo após a decisão da eleição estadual no primeiro turno: parar tudo.

A inflação está atormentando os trabalhadores e os salários estão, a cada mês, comprando menos produtos, principalmente alimentos. Somente até setembro de 2014 o grupo de alimentação sofreu um aumento médio de preços na ordem de 5,57%, a alimentação fora do domicílio 7,47% e os combustíveis e energia 9,97%.

Pior ainda é que dependendo das políticas econômicas que forem combinadas para 2015, poderemos ter até um aumento do desemprego. O momento é de apreensão e de muita cautela.


2 comentários:

  1. Rogério, permita-me discordar da sua posição e do Secretário da OCDE, Angel Gurría, em relação a necessidade da alta dos juros para conter a inflação, sempre discordei dos economistas ortodoxos que pregam isso. Fico com a ala de economistas que defendem que o problema da inflação está nos altos custos para produzir no Brasil, que são muito altos, estamos experimentando avanços nos últimos 20 anos, mas ainda temos muito o que fazer, reforma tributária, investimentos em infraestrutura, mais eficiência logística, mais educação, qualificação e inovação. Com exceção dos serviços, a demanda não está tão acelerada que justifique aumento dos juros para segurar a inflação. Elevar a taxa de juros só beneficia os bancos. Não considero justo que um país com inflação de 6,5% tenha uma taxa de juros de 200% ao ano no cheque especial.

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  2. Olá Carlos. Que bom tê-lo aqui. Na verdade a opinião de manter os juros altos é do Angel Gurría, que também não compartilho. Porém o texto têm o objetivo de indicar que, independente do PT ou do PSDB, a cartilha para controlar a inflação será a mesma. De minha parte penso em alternativas socialmente mais brandas, Mas acredito que nem Dilma e nem Aécio buscarão esse caminho. O mercado vai prevalecer.

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