domingo, 10 de abril de 2016

A nossa dívida


A dívida pública não é um pesadelo somente para o governo federal. Os estados e os municípios também sofrem muito com o volume de dívida que possuem. A dívida dos estados e municípios com a União é de R$ 402 bilhões. Esta dívida era corrigida pelo IGP-DI mais 6% a 9% ao ano. Quando esta metodologia de correção foi determinada, em 1997, era muito vantajosa para os devedores, porém com a mudança na conjuntura econômica passou a ser muito onerosa e chegou a colocar alguns estados em condições financeiras difíceis.

Por conta disto o governo propôs alterar o indexador da dívida para a taxa Selic ou pelo IPCA, o que for menor, mais 4% ao ano. Com a mudança do indexador os estados e municípios irão pagar menos juros da dívida e ganharão um fôlego para as suas finanças. Se esta mudança estivesse vigorando no ano passado os estados e municípios economizariam cerca de R$ 9 bilhões. Por outro lado o Tesouro Nacional deixaria de receber este mesmo valor e aumentaria o déficit primário do governo central.

Essa alteração é fundamental para estados altamente endividados como é o caso de Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Porém não é suficiente para resolver o problema dos estados que estão em maiores dificuldades: o Rio Grande do Sul está parcelando os salários do servidores e o Rio de Janeiro não está conseguindo pagar as empresas de terceirização e os serviços estão paralisando, dentre outros problemas.

Por conta disto o Ministério da Fazenda lançou um plano de auxílio aos estados e Distrito Federal cuja proposta central é o alongamento do prazo de pagamento da dívida em vinte anos. Com ela o “alívio” estimado nos cofres dos estados e do Distrito Federal seria de até R$ 37 bilhões. Este valor também deixaria de ser recebido pelo Tesouro Nacional e pelo BNDES.

Porém o inconveniente que está tendo pouca repercussão são as exigências de contrapartida. Pela proposta, medidas de curto prazo deverão ser tomadas, onde destaco duas:  a não      concessão de aumentos ou reajustes salariais para os servidores e a limitação ao crescimento das outras despesas correntes à variação da inflação. Isto sem falar nas medidas estruturais que também são exigidas.

Tal proposta é coerente do ponto de vista técnico, porém pode ser considerada um desastre para os servidores e para os cidadãos dos estados que aderirem à proposta. Não conceder reajustes salariais num momento em que a economia está experimentando inflações elevadas pode causar um dano muito grande para os servidores daqueles estados e os cidadãos terão menos serviços públicos sendo ofertados nestes estados pelo simples fato de que não será permitido o crescimento das despesas de custeio que são as que mantém as atividades funcionando.

Mais uma vez vemos que o povo, de forma geral, é que paga pela descaso e pela irresponsabilidade dos gestores públicos que, sem o menor pudor e planejamento, endividaram seus estados no passado para que as gerações futuras as paguem. Mais um motivo para que a escolha dos gestores públicos seja muito bem pensada. Neste ano temos eleições e tomara que os eleitores saibam escolher bem os seus representantes. 

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