Na vida pública, dentre os
detentores de cargos comissionados e os detentores de cargos eletivos, existem
muitas pessoas competentes e que buscam o bem comum através da sua função
precípua de servir a sociedade. Mas também, dentre estes, encontramos aqueles
que usam o cargo ou a função pública sem se preocupar com as pessoas que
dependem de seu esforço e desempenho. Recordistas nesta categoria são os
detentores de cargos eletivos.
Não são poucas as notícias
veiculadas pela imprensa e pelas redes sociais de ações de legisladores que
buscam “legislar” em causa própria ou para beneficiar minorias ou grupos de seu
interesse. O detentor de função legislativa deve atuar com sabedoria e
prudência, mantendo posições firmes no sentido de exercer sua função com
seriedade, honestidade e fidelidade para com aqueles que os elegeram.
Ocorrências recentes no
município de Apucarana demonstram os fatos relatados com riqueza de detalhes e
personagens. A sociedade, organizada ou não, vem questionando e discutindo
assuntos relativos ao número de cadeiras no legislativo municipal e os subsídios
que os edis devem receber. A primeira foi objeto de amplo debate e a sociedade
civil organizada propôs projeto de lei de iniciativa popular, através do Observatório
Social de Apucarana (OSA), com o objetivo de estabelecer o quantitativo de onze
vagas para o legislativo municipal. Não respeitando o clamor do povo
apucaranense os vereadores rejeitaram a proposta. Com a repercussão da atitude
imprudente deles, se arrependeram e tentaram “emendar o soneto”. Como resultado
o assunto foi judicializado e agora a sociedade recorreu a outro poder para
resolver a questão do número de cadeiras na Câmara de Vereadores.
Mas se isto não bastasse os
vereadores lançaram mão de outra atitude contrária a tudo o que deve ser
praticado pelo legislador. O movimento “Cristãos pelo Brasil” juntamente com o
OSA iniciaram uma campanha para coletar assinaturas com o objetivo de propor
projeto de iniciativa popular para fixar os subsídios dos vereadores no mesmo
valor do piso nacional dos professores.
Pois bem. Assustados com a
repercussão e com a adesão que a proposta está tendo nossos edis, de forma
célere e matreira, aprovaram em primeira e segunda votação projeto de lei que fixa
os subsídios para a próxima legislatura. Pior ainda, fizeram isto em sessões
extraordinárias e sem a publicização necessária.
Oras bolas, os vereadores
sabiam do processo de coleta de assinaturas para o projeto de iniciativa
popular e não deveriam discutir a matéria até que a proposta da sociedade fosse
apresentada.
Tal atitude não contribui
para o debate democrático e macula, mais uma vez, a imagem que as pessoas têm
do legislativo. Depois reclamam que existe uma tentativa de desmoralização do
legislativo. Não existe não. São as práticas usuais que demostram as intenções
das pessoas e este é um grande exemplo disto.
Nossos legisladores
devem refletir sobre a temática e abrir a discussão com a sociedade apreciando
o projeto de iniciativa popular e deixando de lado interesses individuais e
políticos. Se agirem assim todos evoluiremos.
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