Há alguns dias atrás o
historiador, escritor e comentarista Marco Antonio Villa fez algumas
considerações num programa de rádio sobre os autoquestionamentos que o eleitor
deve fazer sobre os candidatos que pretendem votar. Perguntas do tipo: qual é a
profissão do candidato que pretendo votar? Qual é o seu emprego? Ele enriqueceu
após assumir cargos públicos?
Acredito que a intenção do analista
é a de promover uma autorreflexão nos eleitores sobre o perfil dos candidatos
aos cargos eletivos na próxima eleição. E realmente os eleitores devem avaliar
o perfil dos candidatos a prefeito e, principalmente, dos candidatos a
vereador. Todas as pessoas sabem que vereador não é profissão, por isto o
eleitor deve ter a certeza que o candidato possui uma profissão e um emprego. A
disposição de ser um legislador não pode ser movida por questões financeiras e
os altos valores dos subsídios pagos acabam despertando o interesse de muitas
pessoas.
Os vereadores possuem como
funções típicas elaborar e votar leis e fiscalizar os gastos do executivo e da
própria Câmara de Vereadores. Já as funções atípicas são a de administrar o
legislativo e de julgar as ações do prefeito. Portanto fica claro que o
vereador, e por consequência o candidato, deva ter certo nível de instrução, certo
nível de cultura. Não se trata de nível de escolaridade, mas de conhecimento e
capacidade para elaborar e votar as leis e de fiscalizar o executivo.
Analisem o episódio ocorrido
na posse de um deputado estadual de Minas Gerais, Pedro Ivo Ferreira Caminhas,
onde ele não conseguiu ler o juramento de posse na assembleia legislativa de
seu estado. O vídeo viralizou nas redes sociais e nos blogues de notícias. Pode
até ser que ele estivesse nervoso, mas quando ele deixou de lado o juramento e
disse que isto não importava e que o importante era ele estar ali pode ter
frustrado a expectativa de muitos de seus eleitores que esperavam outro
comportamento dele.
Daí há de se fazer o
seguinte autoquestionamento: o candidato a vereador que está pedindo o meu voto
tem condições de ler, entender e explicar o conteúdo de um texto complexo? Não
precisa ser um excelente orador ou escritor, mas tem que ter condições de
elaborar leis e para isto tem que pesquisar. Tem que ler e entender os projetos
propostos pelos outros vereadores e pelo executivo, entender e julgar se o
projeto é viável ou não.
Outro autoquestionamento
pertinente diz respeito ao que o professor Villa apresentou: qual é a profissão
e onde ele trabalha? Candidato ou vereador que não tem emprego possui o perfil
adequado para defender os interesses da sociedade?
Indo além, quando o
candidato já foi vereador deve-se fazer o seguinte autoquestionamento: durante
os seus mandatos anteriores o candidato cumpriu com as funções legislativas
típicas? Ele chegou a fazer algum questionamento sobre os gastos do executivo?
O desapego para com estas práticas desqualificam qualquer vereador e os
eleitores não devem cometer o erro de votar nele novamente.
Isto sem falar naqueles
pré-candidatos que no ano da eleição começam a cumprimentar todas as pessoas
que encontram. Um verdadeiro absurdo.
Enfim, sucumbir aos
argumentos e artimanhas de candidatos despreparados votando neles leva a
concluir que o eleitor que fizer isto também pode estar despreparado para
participar do processo eletivo.
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