Nos dias de hoje é muito
comum as pessoas terem rotinas de trabalho muito intensas que se somam a
problemas pessoais e familiares. Com isto correm o risco de desenvolver certo
individualismo que os induz a se preocupar somente com as questões individuais,
deixando de lado as questões coletivas. Comportamentos do tipo: “vou cuidar da
minha vida e que cada um cuide da sua”.
Esta ação é perversa e
contribui demasiadamente para que a sociedade fique à mercê de oportunistas ou
mesmo de grupos que se organizam para tentar criar uma supremacia e, assim, com
o poder, oprimirem o conjunto da sociedade. Vivenciamos isto em nosso dia-a-dia
e temos poucas oportunidades para tentar amenizar ou mesmo reverter este
quadro. As poucas oportunidades são as eleições democráticas que ocorrem a cada
dois anos. Elas têm por objetivo a escolha dos agentes políticos que devem
administrar e legislar o conjunto da sociedade na busca contínua da melhoria da
qualidade de vida de todos e não de pequenos grupos organizados.
O grande problema de pensar
de forma individual é incorrer no pecado da omissão, ou seja, deixar de agir coletiva
e positivamente na tentativa de escolher representantes políticos que tenham
compromissos verdadeiros com o bem estar de todos e não de poucos.
Mas este dilema entre o
individual e o coletivo não é novo, sempre esteve presente na história da
humanidade.
No início do século XIV o poeta
florentino Dante Alighieri publicou a sua obra “A Divina Comédia” onde
descreveu uma viagem através do inferno, do purgatório e do paraíso. Segundo
Dante “no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram
a neutralidade em tempo de crise”.
A obra de Dante retrata um cenário
medieval que se reproduz até os dias atuais onde grupos de interesses sempre
disputaram o poder e a população sempre ficou refém das vontades e ações destes
grupos. Na atualidade podemos retratar os grupos políticos como sendo os
guelfos e gibelinos atuais. Os guelfos e gibelinos eram facções políticas que
disputavam o poder na época de Dante, assim como ocorre na atualidade. Os
partidos e grupos políticos se organizam, fazem suas convenções, suas
coligações e suas estratégias para poder conquistar o poder.
E quando esses grupos ganham
o poder? O que acontece? Continuam a gerir a coisa pública segundo suas
vontades e pouca coisa melhora para a população. É como se as pessoas fossem
induzidas a passar por Cérbero, o cão de três cabeças que guarda a entrada do
mundo subterrâneo na mitologia grega. Deixa entrar, mas não deixa sair.
Já passou da hora de a
população se organizar e discutir um conjunto de diretrizes e ações que os
políticos devam seguir para gerir o país, os estados e os municípios. Não podemos,
mais uma vez, simplesmente votar e deixar que os políticos façam segundo as
suas convicções. As convicções que devem prevalecer são as do povo.
Temos que construir
uma agenda e uma pauta de reivindicações e exigir que eles se comprometam em
cumpri-las. Se a população se unir terá a inteligência e o talento de Orfeu e a
força de Hércules para conseguir sair da escuridão passando pelo cão do inferno
e seguindo rumo ao paraíso. Separados seremos fracos e unidos seremos fortes. Aos
que não tentarem fazer isto restará continuar no inferno. No lugar mais quente
do inferno.
ResponderExcluirA frase é bem legal, mas a citação em questão não é de Dante.
Esta foi uma declaração de John F. Kennedy, e atribuída por ele a Dante Alighieri.
No entanto, em A Divina Comédia vemos que, aqueles que "non furon ribelli né fur fedeli" — não se rebelaram nem foram fiéis a Deus — ocupam o vestíbulo do Inferno, uma região que não é quente ou fria; a parte mais "profunda" do Inferno, um lago congelado, era reservada para os traidores"
Forte Abraço !