domingo, 28 de abril de 2019

E o emprego?

A população brasileira já ultrapassou, segundo estimativas do IBGE, a marca de 209 milhões e 832 mil habitantes no mês de abril de 2019. De acordo com o Censo do mesmo instituto, em 1991 éramos 146 milhões 815 mil habitantes. De 1991 a 2018, tivemos uma taxa de crescimento demográfico elevada, comparada às taxas observadas nos países desenvolvidos, e moderada, comparada às taxas dos países em desenvolvimento.

Se fizermos uma análise mais desagregada do crescimento populacional e da geração de emprego formal brasileiro das últimas décadas podemos ter uma noção dos problemas gigantescos que nosso país está enfrentando e que ainda irá enfrentar no campo da geração de emprego e renda.

Estas informações podem e devem ser consideradas por ocasião do debate da necessidade (ou não) da reforma da Previdência e as razões para isto. Na década de 2000 a população brasileira cresceu a uma taxa anual de 1,63%. Na década de 2010 a taxa foi de 1,17% ao ano e no período de 2010 a 2018 a população vem crescendo 1,12% ao ano, considerando as estimativas populacionais do IBGE.

Já o emprego formal, segundo dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia, cresceu 1,46% ao ano na década de 2000, 5,33% ao ano na década de 2010 e no período de 2010 a 2018 cresceu 0,76% ao ano.

Embora nossa economia tenha aproveitado a onda de crescimento que ocorreu no mundo todo no período de 2001 a 2010, os desempenhos do emprego formal vêm sendo fracos se comparados com o crescimento populacional. E este problema ainda possui um “efeito retardado”, uma vez que os indivíduos que nascem em determinado ano ainda irão demorar cerca de vinte anos para demandarem um emprego formal na economia.

Daí é que nos perguntamos: onde está ou onde estará o emprego formal para os nossos atuais jovens e para os nossos futuros jovens que ainda nem nasceram?

A expectativa de vida dos brasileiros aumentou muito e com isto estamos vivendo mais tempo e, consequentemente, o contingente de pessoas idosas está aumentando e com a tendência de aumentar ainda mais. Com isto passaremos a ter mais idosos do que jovens. Este efeito é conhecido como transição demográfica e os países europeus já passaram por isto e aqui estamos somente no começo.

Será que nossos agentes políticos estão preocupados com o futuro de nosso país? Será que eles estão preocupados com os nossos idosos? Será que estão preocupados com os futuros idosos? Será que estão preocupados com o futuro de nossos jovens? Será que estão preocupados com o futuro daqueles que ainda irão nascer?

Estas perguntas não devem ser tratadas como perguntas retóricas. Elas devem ser respondidas. Mais ainda, não devemos fazê-las somente para nossos agentes políticos que possuam cargos em nível federal. Temos que fazê-las para todos aqueles que possuam cargos políticos estaduais e municipais. Qual é o nível de conhecimento e de preocupação com o crescimento populacional do estado e dos municípios e com a geração de emprego? E o que estão fazendo para dar qualidade de vida para os idosos?

Temos que ousar fazer estas perguntas. Não podemos nos omitir. Temos que exigir de nossos vereadores, prefeitos, deputados e governador o debate acerca destas questões. Será que eles têm estes dados? Será que eles possuem um projeto para melhorar a nossa situação de emprego e renda? Espero que sim, mas duvido muito.

A sociedade local e estadual deve começar a se preocupar com estes problemas e cobrar de nossos agentes políticos locais porque se depender da pró-atividade deles para este assunto nosso futuro poderá ser tenebroso.

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