Se somarmos a estas duas a
crise financeira internacional de 2008 temos que nossa economia está operando
com um nível de atividade com atraso de dez anos. Agora a grande dúvida reside
no comportamento de nossas autoridades no trato da política econômica para os
próximos meses e anos.
Estamos vivenciando um
agravamento da questão fiscal onde nossos agentes políticos parecem não estar
se preocupando com o aumento das despesas sem o devido lastro do lado das
receitas, gerando sucessivos déficits nas contas públicas. E o pior é que isto
está ocorrendo nas esferas federal, estaduais e municipais e em todos os
poderes. Deputados e senadores querendo ampliação dos gastos e reivindicando
mais recursos para as emendas parlamentares e o mesmo movimento ocorrendo com
os legislativos estaduais e municipais, inclusive com o aumento de gastos com
salários e cargos comissionados.
Muitas pessoas apostavam na
retomada vigorosa da atividade econômica brasileira em 2021. Isto não irá
ocorrer. Estamos com os indicadores conjunturais demonstrando que teremos outro
ano difícil na área econômica, principalmente pela demora no processo de
vacinação, que é a única condição para a retomada com a devida segurança. A
vacinação está ocorrendo no resto do mundo e a retomada está começando.
Também estamos vivenciando um
aumento da demanda de insumos e os preços das commodities estão sofrendo
pressão de alta. E tudo isto em dólar. Se nossa economia estivesse tendo o
monitoramento e ação que deveria ter tido por parte do governo talvez não
estivéssemos com nossa moeda tão desvalorizada e o aumento dos preços das
commodities não estaria impactando tanto no custo de vida dos brasileiros.
Somente nos dois primeiros
meses deste ano as commodities de energia (petróleo brent, gás natural e
carvão) tiveram um aumento dos preços de 23,16% em moeda nacional com sua ação
potencializada pela desvalorização cambial do real, o que já levou a uma
aumento médio na refinaria de Araucária(PR) em 54,4% no preço da gasolina e de
43,3% no diesel. O mesmo está ocorrendo com o etanol, uma vez que o preço do
açúcar está subindo no mercado internacional e ocorrerá um atraso na colheita
da cana no interior paulista por conta do atraso dos insumos durante o plantio
e pela estiagem em 2020.
Não obstante à retração de
4,1% do PIB em 2020, as previsões são de retração nos dois primeiros trimestres
de 2021 como consequência da não retomada da economia causada pelo atraso no
processo de vacinação. Com isto a base tributável, que é a principal fonte de
receita do setor público, tende a se manter reduzida e não temos iniciativas de
reduções do lado da despesa, gerando a possibilidade de manutenção do déficit
fiscal por mais alguns anos.
Assim, o risco-país e a taxa de câmbio aumentam, a bolsa de valores cai e o governo se vê obrigado a aumentar as taxas de juros, o que freia, ainda mais, a atividade econômica, gerando desemprego, que estava em 14,6% no terceiro trimestre de 2020 e já se falam em ultrapassar 15% ao longo do ano de 2021. Portanto, estamos diante de um quadro de estagflação, experimentando aumento de inflação combinado com aumento do desemprego. Resta-nos parafrasear Carlos Drummond de Andrade e perguntar: e agora, Jair?
Seus artigos estão cada vez mais consistentes. Parabéns
ResponderExcluirAtualmente, + que antes, é difícil entender economia dissociada da política ou politicagem. Não existe mais três poderes independentes. Na realidade nunca existiu, mas havia um respeito entre ambos para se auto valorizar. O respeito desapareceu com a implantação do aparelhamento nos poderes que abriu portas para interferência entre ambos. Não há + espaço para falar em economia sem citar a política e a justiça.
ResponderExcluirNão sou economista, mas creio que se afrouxar a PEC do Teto dos Gastos para possibilitar investimento público para retomada de obras como forma de geração de emprego e renda poderia aliviar a crise econômica.
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