O setor público está com
sérias dificuldades financeiras. Alguns estados estão com pagamentos de
salários do funcionalismo em atraso. Já outros estados estão com o pagamento de
custeio com atraso superior a sessenta dias. O governo federal tem um déficit
primário gigantesco e previsão de déficit nominal ainda maior. As prefeituras
estão seguindo no mesmo caminho.
Muitos são os fatores
elencados como “culpados” para as finanças públicas estarem desta forma. Culpam
os governantes paternalistas que inflaram em demasia os salários do
funcionalismo, ou mesmo que contrataram em excesso. Outros culpam o volume de
cargos comissionados. Já há quem indique os gastos com publicidade e propaganda
como determinantes.
Cidadãos mais ousados
atribuem o problema à corrupção e aos desvios de dinheiro dos cofres públicos.
Já outros contra argumentam que a corrupção e os desvios sempre existiram,
independentes de governos e governantes, e que isto somente não “quebraria” o
país.
Para alguns analistas a
culpa da crise fiscal está no “rombo” da previdência que deve ser imediatamente
estancado. Coisa muito difícil e polêmica. Difícil porque a tendência de
déficit é de aumento descontrolado, e polêmica porque podem tentar tirar
direitos considerados como já adquiridos pelos trabalhadores brasileiros.
Para alguns a “vaca está
indo para o brejo”. Para outros a “vaca já se afogou”. Para tentar amenizar ou
mesmo tentar solucionar a crise fiscal dos governos federal, estaduais e
municipais os gestores públicos elaboram diversos pacotes de medidas e ajustes
fiscais que vão desde o aumento simples de um tributo e cortes de algumas
despesas até soluções mais elaboradas, complexas e discutíveis.
E o pior de tudo é que tais
medidas afetam a todos os agentes econômicos: setor público, setor externo,
empresas e população. Entretanto temos que reconhecer que dos agentes citados
os que mais sofrem com qualquer tipo de medida tomada ou proposta é a
população. É ela que vai pagar os impostos, sendo que os mais pobres sofrem
ainda mais, pois os tributos sobre o consumo são regressivos e pesam mais sobre
quem ganha menos.
A população é duplamente
afetada porque o aumento de impostos gera inflação que, por sua vez, corrói o
poder aquisitivo dos salários e faz o nível de atividade reduzir gerando
desemprego no curto prazo.
Se não bastasse isto temos
que ela é triplamente afetada considerando que a proposta do teto dos gastos,
embora necessária, irá reduzir a oferta de quantidades de serviços e bens
públicos que, via de regra, atendem as camadas mais pobres da sociedade. Agora
querem mudar a previdência social e, mais uma vez, os mais pobres é que terão
direitos sepultados.
A crítica mais apresentada é
que os políticos poderosos não serão afetados por nenhuma dessas medidas, pois
continuarão com suas mordomias, com a ostentação e com os seus bolsos cheios de
dinheiro oriundos das benesses financiadas pelos cofres públicos.
Na verdade a culpa do povo
estar passando por isto é do próprio povo. Sim, é nossa, pois passamos anos e
mais anos elegendo os agentes políticos e nunca, nunca cobramos uma prestação
de contas sobre as suas ações. Também nunca, nunca questionamos, de forma mais
vigorosa, as propostas de aumento de impostos ou de aumentos de gastos. Quando
eles abrem uma licitação ninguém nem quer tomar conhecimento. Quando surge um
concurso para contratar funcionários a primeira ação é a vontade de prestar o
concurso e não de questionar sua necessidade. Quando aprovam aumentos de
subsídios e vantagens ninguém questiona.
A culpa é nossa. Por isto
temos que fazer uma espécie de prece como o “confiteor” e assumir a “nostra
culpa, nostra maxima culpa”. Temos que acabar com a passividade costumeira dos
brasileiros e começar a agir com mais energia na cobrança dos nossos agentes
político. Temos que retomar o poder que era do povo.
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