É muito comum ouvirmos
algumas pessoas afirmarem que o Brasil só começa a trabalhar depois do
Carnaval. Isto pode até ser verdade, mas para o passado de nosso país. Há muito
tempo que esta máxima popular deixou de ter aderência ao caso do Brasil recente.
Pelo contrário, muitas coisas
tem sido feitas antes do Carnaval que, diga-se de passagem, já deixou de ter o
glamour do passado. Poucos se deixam levar pela “farra” característica desta
época. Poucos comparado com o total da população brasileira. No caso de
municípios do interior isto fica cada vez mais evidente uma vez que em várias
cidades não há mais desfile de escolas de samba e, em muitos casos, nem mais os
bailes de salão.
Na verdade o Carnaval nem é
feriado e muitas empresas costumam trabalhar normalmente. As empresas que
liberam seus funcionários na segunda e terça-feira de Carnaval estão fazendo
uma gentileza para eles. Mas, se pelo contrário, exigirem que
trabalhem nesses dias não estarão infringindo nenhuma legislação.
Já na administração pública
a tradição é de que não se trabalha nesses dias chegando a acreditarem que
realmente são feriados. E mais, na quarta-feira de Cinzas o expediente acontece
somente depois do meio-dia, e olha lá. Antigamente a população não se
incomodava muito com isto, pois tudo começava a funcionar somente depois do
Carnaval.
Mas agora as coisas estão
mudando. Mudando tanto que o Brasil já trabalha antes do Carnaval. E o governo
já mostra serviço, também. O Congresso Nacional, STF, ministérios, governos
estaduais e municipais “arregaçaram as mangas” e trataram de pensar em
alternativas para o enfrentamento das crises instaladas em nosso país. Isto
mesmo: crises. Temos além da crise econômica as crises política e social.
Não é mais aceitável que
ainda digam que o Brasil começa a trabalhar somente depois do Carnaval. Aqui se
trabalha, sim, e devemos começar a discutir o sepultamento da gastança de
dinheiro público nesses eventos descabidos. É muito comum ouvirmos notícias de
que prefeituras subsidiam ou mesmo efetuam despesas para viabilizar desfiles de
escolas de samba. Também há muitas festas que tradicionalmente eram (e alguma
ainda são) “bancadas” com recursos públicos.
Pois bem, este modelo já
está vencido e muitos gestores públicos já trataram de parar de dar “apoios”
financeiros para tais eventos. Mas espero que tenham deixado de forma efetiva e
não somente por conta da crise financeira. Eventos como desfiles e bailes de
Carnaval, festas juninas, festa de aniversário de cidade e outros do gênero
devem ser sustentáveis, ou seja, devem ser promovidos por empresas ou
associações privadas que financiem estes eventos com recursos próprios visando
ter retornos. É um negócio. A administração pública não pode utilizar recursos
financeiros da coletividade para patrocinar festas para poucos.
O mesmo entendimento deve
ter com o financiamento de esportes profissionais como o futebol. Quem ganha
dinheiro com futebol profissional é o dono do time, portanto o setor público
não pode aplicar recursos públicos nessas atividades.
A sociedade está se
modernizando a cada dia e muitas questões tidas como tradicionais também devem
ser rediscutidas. Até porque quando se envolve recursos públicos toda a
sociedade deve discutir a melhor forma de aplicar os recursos e não deixar que
um pequeno grupo de “notáveis” façam segundo as suas convicções.
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