Há uma certa euforia com as
expectativas dos analistas de mercado financeiro de que os indicadores
econômicos estão melhorando. De certa forma até podemos concordar que estão
melhorando, pois no final de setembro de 2016 a expectativa era de que a
inflação de 2017 ficaria acima dos 5% e atualmente já se projeta uma inflação
inferior ao centro da meta, que é de 4,5%.
Da mesma forma, à época, se
esperava que a taxa de juros básica da economia (Selic) atingiria 11% ao final
do ano e hoje já se espera que em dezembro ela esteja entre 8% e 9%.
A euforia tenta capitalizar
confiança e popularidade para o governo de Michel Temer, porém as coisas não
andam tão boas quanto tentam vender. Assim como alguns indicadores melhoraram outros
pioraram. E ainda temos que acompanhar os movimentos e decisões econômicas que
acontecem no resto do mundo. Neste último a preocupação deve ter como foco
principal as tendências unilaterais do governo americano e os subsídios à
indústria nacional em outros países como o Canadá.
As expectativas sobre a
dívida líquida do setor público, do crescimento do PIB, do crescimento da
produção industrial, dos saldos em conta corrente e da balança comercial
pioraram. Com isto, a expectativa é de aumento sensível da taxa de desemprego.
Analogamente a expectativa
de menor inflação é resultado do forte desemprego e do nível de renda baixo que
fez com que a demanda agregada despencasse e, com isto, a pressão sobre os
preços passasse a ser menor. Para tentar dar uma acelerada na economia a equipe
econômica do governo vem apostando na redução da Selic, numa tentativa, que
pode ser inglória, de melhorar o ambiente econômico interno.
Não terão muito sucesso para
2017. Isto porque os movimentos e decisões econômicas de outras economias irão
afetar a nossa já fragilizada economia. O governo americano está discutindo a
implantação de um ajuste fiscal de fronteira que consiste em tributar as
importações e desonerar as exportações. Se implantado poderá ocorrer alterações
no câmbio global e a moeda americana será fortemente valorizada. Com isto
haverá aumento de preços de forma generalizada.
Para apimentar ainda mais
esta mistura temos que o salário médio da indústria chinesa superou os pagos
pela indústria brasileira e mexicana. Com isto os preços globais aumentam pelo
lado da oferta por conta do custo da mão-de-obra dos trabalhadores chineses e
também pelo lado da demanda, uma vez que estes trabalhadores passam a demandar
mais bens e serviços por conta do aumento do poder aquisitivo. Como resultado
disto temos perspectivas de mais inflação no mundo.
O que pode acontecer é o
aumento do desemprego na China com uma eventual migração de empresas para
países onde o custo da mão-de-obra seja mais barata, mas esse movimento demora
para acontecer e até lá é possível que tenhamos, sim, mais inflação.
Isto sem falar que muitos
países estão tomando medidas protecionistas para proteger os empregos e as
empresas instaladas.
O governo federal terá que
fazer muito mais do que está sinalizando para tentar amenizar o cenário. É
certo que os indicadores estão melhorando, porém o cenário econômico brasileiro
atual inspira cuidados especiais por parte da equipe econômica.
Por estas e outras que a
sociedade deve acompanhar as decisões e ações dos gestores públicos
tempestivamente para que possam exigir decisões sóbrias e comprometidas com o
médio e longo prazo e não somente com o dia seguinte.
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