domingo, 2 de abril de 2017

Não seremos como a Fênix

Recentemente estive debatendo a situação econômica, social e política de nosso país com amigos que atuam na academia à partir dos últimos acontecimentos ocorridos. Considerando tantos escândalos de corrupção e decisões econômicas e políticas duras que estão tornando a vida da população mais difícil um deles questionou se iríamos ter o “efeito da Fênix”, a ave mitológica que, ao morrer, era consumida pelas chamas e surgia uma nova Fênix de suas cinzas.

A questão em tela faz alusão à possibilidade de a situação social, econômica e política de nosso país estar caminhando para uma situação cada vez pior sem que possamos acreditar em perspectivas positivas no curto prazo.

No debate, para responder a questão, chegamos à conclusão que isto não deverá acontecer, ou seja, que nosso país não corre o risco de chegar ao ponto que nossos vizinhos venezuelanos chegaram, onde o governo daquele país está implantando uma verdadeira ditadura e subjugando o seu povo que há anos vem sofrendo com questões de vulnerabilidade social.

Não chegaremos a ficar tão ruim, mas o que é certo é que antes de começar a melhorar as coisas irão piorar um pouco mais. O governo Temer está tentando fazer as reformas necessárias para estabilizar os fundamentos da economia e retomar o crescimento. Este é o único caminho para estabilizar o desemprego que aumentou para 13,2% no trimestre que encerrou em fevereiro/2017, maior taxa desde o início da série histórica, que iniciou em 2012. Já se fala em 13,5 milhões de brasileiros desempregados. Isto sem falar nas pessoas que estão desempregadas e não estão incluídas nas estatísticas oficiais.

Também temos que a arrecadação das receitas federais acumulada nos últimos doze meses reduziu em 1,29% em termos reais comparada com o mesmo período anterior. Na outra ponta o déficit primário está aumentando em termos reais e a atividade econômica recuou 0,26% em janeiro acumulando queda de 4,40% em doze meses, também em termos reais.

O governo Temer chegou com a intenção de promover as reformas necessárias, porém estão agindo de forma afobada, querendo impor todas as mudanças sem o devido debate e convencimento da população. Com isto sua popularidade está despencando.

Neste episódio relembrei o ex-presidente Itamar Franco, que foi muito criticado pela sua inércia após assumir o governo federal, mas hoje muitos reconhecem a sua contribuição por ter agido com serenidade e equilíbrio num momento tão sensível de nosso país. Acredito que no futuro poderemos lembrar de Michel Temer como um agente político importante, mas isto dependerá muito da forma com que irá conduzir as reformas que estão propostas e as que estão sendo apontadas que serão encaminhadas.

Falta o esclarecimento e o debate racional com a população, indicando os pontos positivos e negativos das mudanças. Também há a necessidade de implantar medidas efetivas tanto do executivo quanto do legislativo para inibir as práticas de corrupção, que parece estar enraizada na estrutura das instituições.

É como outra pessoa disse: “para limpar a casa temos que bagunçar um pouco mais”. Muitas medidas são “duras” e “amargas” para a população, porém devem ser tomadas para salvaguardar o que ainda resta de nossa economia. Infelizmente a sociedade não monitorou os agentes políticos e eles “deitaram e rolaram” com o recurso público. Agora é hora de fazer a limpeza e para limpar o chão teremos que colocar as cadeiras em cima da mesa.

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