Recentemente estive
debatendo a situação econômica, social e política de nosso país com amigos que
atuam na academia à partir dos últimos acontecimentos ocorridos. Considerando
tantos escândalos de corrupção e decisões econômicas e políticas duras que
estão tornando a vida da população mais difícil um deles questionou se iríamos
ter o “efeito da Fênix”, a ave mitológica que, ao morrer, era consumida pelas
chamas e surgia uma nova Fênix de suas cinzas.
A questão em tela faz alusão
à possibilidade de a situação social, econômica e política de nosso país estar
caminhando para uma situação cada vez pior sem que possamos acreditar em
perspectivas positivas no curto prazo.
No debate, para responder a
questão, chegamos à conclusão que isto não deverá acontecer, ou seja, que nosso
país não corre o risco de chegar ao ponto que nossos vizinhos venezuelanos
chegaram, onde o governo daquele país está implantando uma verdadeira ditadura
e subjugando o seu povo que há anos vem sofrendo com questões de
vulnerabilidade social.
Não chegaremos a ficar tão
ruim, mas o que é certo é que antes de começar a melhorar as coisas irão piorar
um pouco mais. O governo Temer está tentando fazer as reformas necessárias para
estabilizar os fundamentos da economia e retomar o crescimento. Este é o único
caminho para estabilizar o desemprego que aumentou para 13,2% no trimestre que
encerrou em fevereiro/2017, maior taxa desde o início da série histórica, que
iniciou em 2012. Já se fala em 13,5 milhões de brasileiros desempregados. Isto
sem falar nas pessoas que estão desempregadas e não estão incluídas nas
estatísticas oficiais.
Também temos que a
arrecadação das receitas federais acumulada nos últimos doze meses reduziu em
1,29% em termos reais comparada com o mesmo período anterior. Na outra ponta o
déficit primário está aumentando em termos reais e a atividade econômica recuou
0,26% em janeiro acumulando queda de 4,40% em doze meses, também em termos
reais.
O governo Temer chegou com a
intenção de promover as reformas necessárias, porém estão agindo de forma
afobada, querendo impor todas as mudanças sem o devido debate e convencimento
da população. Com isto sua popularidade está despencando.
Neste episódio relembrei o
ex-presidente Itamar Franco, que foi muito criticado pela sua inércia após
assumir o governo federal, mas hoje muitos reconhecem a sua contribuição por
ter agido com serenidade e equilíbrio num momento tão sensível de nosso país.
Acredito que no futuro poderemos lembrar de Michel Temer como um agente
político importante, mas isto dependerá muito da forma com que irá conduzir as
reformas que estão propostas e as que estão sendo apontadas que serão
encaminhadas.
Falta o esclarecimento e o
debate racional com a população, indicando os pontos positivos e negativos das
mudanças. Também há a necessidade de implantar medidas efetivas tanto do
executivo quanto do legislativo para inibir as práticas de corrupção, que
parece estar enraizada na estrutura das instituições.
É como outra pessoa disse: “para
limpar a casa temos que bagunçar um pouco mais”. Muitas medidas são “duras” e
“amargas” para a população, porém devem ser tomadas para salvaguardar o que
ainda resta de nossa economia. Infelizmente a sociedade não monitorou os
agentes políticos e eles “deitaram e rolaram” com o recurso público. Agora é
hora de fazer a limpeza e para limpar o chão teremos que colocar as cadeiras em
cima da mesa.
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