domingo, 14 de janeiro de 2018

Cadê o piloto?

O governo brasileiro está comemorando os resultados obtidos pela economia e tentando vender uma imagem de que os problemas econômicos ficaram para trás. As postagens do presidente Michel Temer e  do ministro Henrique Meirelles na rede social e microblog Twitter destacam a recuperação do mercado de trabalho, crescimento econômico, aumento das exportações de veículos e inflação e juros baixos em 2017. Temer até indica que com uma inflação menor o país terá mais emprego, o brasileiro mais comida na mesa e a poupança terá maior rendimento.

Tudo isto não passa de uma tentativa desesperada de vender ilusões para o povo brasileiro. Tivemos, sim, a menor inflação dos últimos 19 anos. Menor até do que a meta do Banco Central do Brasil, que era de 3%. Só que este evento tem muito pouco a ver com as ações de política econômica do governo e muito a ver com o alto nível de desemprego, renda real disponível reduzida, endividamento das famílias ainda em patamares elevados e um cenário de incertezas e insegurança muito grande com relação ao futuro político e econômico de nosso país.

As medidas desesperadas do governo em reduzir a taxa de juros básica da economia, a Selic, como uma ferramenta para incentivar o crescimento do PIB, na prática contribui para o aumento da inflação. Portanto a inflação menor de 2017 é resultado de uma combinação de eventos que pouca relação tem com as ações intencionais do governo.

Na verdade a economia brasileira está melhor do que na era Dilma, só que ainda está agonizante, em crise e gera muitos cuidados especiais. O nível de desemprego não reduziu e as finanças públicas continuam desarranjadas e estas são as principais causas para que a economia não esteja melhor. Alternativas para a solução existem, mas nossos agentes políticos não têm interesse e muito menos coragem de tomar as medidas necessárias para estancar o déficit fiscal para caminhar para o equilíbrio nas contas públicas.

É necessário reduzir muitas despesas que todos sabemos que são desnecessárias, efetuar uma alteração na Constituição Federal para reduzir os recursos que devem ser repassados para os outros poderes, além de reduzir outras vinculações constitucionais, praticar efetivamente os tetos constitucionais de remuneração de servidores públicos e ter um maior controle sobre a execução das despesas decorrentes de emendas parlamentares para os municípios.

Neste contexto está a iniciativa de acabar com a gastança que se tem com as atividades parlamentares em nosso país. Se contabilizarmos todos os recursos que são gastos com assessorias de deputados e senadores além das verbas de ressarcimento e de gabinete já é possível reduzir os repasses para estes poderes e contribuir para a redução do déficit.

É óbvio que os resultados macroeconômicos de 2017 foram bons, mas eles se resumem à redução da inflação e à melhora dos indicadores do setor externo, porém a questão fiscal não foi resolvida. É muito provável que o governo Temer não consiga fazer as reformas e ações necessárias para melhorar a questão fiscal e mudar a realidade econômica de nosso país.

Estas ações deverão ficar a cargo do próximo governo e ficam as apostas se o governo que elegeremos em 2018 irá aceitar e enfrentar os custos políticos de se efetuar as reformas estruturais que nosso país tanto necessita. Coisas que não acredito que aconteça considerando o perfil atual dos nossos políticos. Portanto, os brasileiros podem ir “apertando os cintos” porque os nossos possíveis “pilotos” não querem ou não sabem “pilotar”.

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