A
economia está crescendo num ritmo lento e isto está limitando a geração de
empregos. Com isto, vai demorar muito tempo para voltarmos aos níveis de
desemprego de antes do descontrole total na economia causado por governos
populistas e irresponsáveis. Mas isto não irá acontecer naturalmente se os
governos estaduais e federal não fizerem as reformas estruturantes necessárias
para eliminar o déficit nas contas públicas.
O
“Novo Regime Fiscal” imposto pela Emenda Constitucional (EC) 95/2016, que criou
o teto dos gastos, não está sendo respeitado por todos os poderes e isto está
mantendo os níveis de déficits fiscais altíssimos tanto no governo federal
quanto em muitos estados da federação. Com efeito, a dívida pública bruta, que
considera a dívida interna e externa e o endividamento dos estados e municípios
já atingiu a marca histórica de 77,3% do PIB. Segundo previsões ela deve
alcançar algo em torno dos 80,6% do PIB em 2022.
Qualquer
pessoa com um mínimo de noção sobre gestão sabe que é praticamente impossível
gerir com um nível de endividamento tão alto e com a tendência de que este
endividamento continue crescendo. O que o país precisa é de ações efetivas dos
estados e da União para se obter o equilíbrio das contas públicas ou mesmo para
provocar a reversão do déficit em superávit.
Os
governos estaduais e federal precisam definir e aprovar uma agenda de urgência
que trate do ajuste fiscal necessário para equilibrar as contas públicas e
garantir a estabilidade para os próximos trinta anos, pelo menos.
As
receitas públicas estão completamente comprometidas com gastos com a manutenção
mínima da máquina pública e com a previdência. No Governo Federal os gastos com
previdência já consomem quase metade da receita líquida do governo. O mesmo
cenário está se desenhando para o caso das finanças do estado do Paraná, quase
metade da receita bruta já é consumida com gastos com pessoal e encargos.
Os
novos mandatos eletivos para os governos estaduais e federal começaram há pouco
mais de 30 dias, mas se os gestores não tratarem de implementar um ajuste
fiscal como agenda de urgência podemos até considerar que os seus mandatos já
terminaram.
Com
o crescimento dos gastos com pessoal e com o aumento do custo para manter a
máquina pública funcionando sobram poucos recursos para se aplicar nas áreas
essenciais e que mais geram reclamações por parte dos cidadãos que mais
dependem do setor público, que são a saúde e a educação. Também gerarão
reclamações da parcela mais abastada da sociedade quando os governos não
melhorarem os níveis de segurança pública. Isto sem falar em projetos especiais
e investimentos com obras e estradas.
Os
mesmos problemas enfrentarão os prefeitos que assumirem mandatos em 2021, pois
não podemos ter a ilusão de que as finanças municipais estão bem. Podem estar
sob controle, porém poderão estagnar logo, impedindo o financiamento de
políticas públicas mais efetivas.
Um
dos maiores problemas nas contas públicas estaduais e federal é, sem sombra de
dúvidas, os gastos com previdência, o que demonstra a necessidade de se buscar
mudanças no modelo atual de financiamento. Mas isto não significa que deve ser
feita com a piora das condições futuras de aposentadoria da população. Pode-se
e deve-se, sim, eliminar as condições especiais de aposentadorias e pensões que
muitas categorias privilegiadas possuem. Mas as condições para a base da
pirâmide devem ser preservadas.
Os novos governantes
estão com muita conversa fiada e pouca ação. É claro que para isto necessita de
articulação política, porém se demorarem muito os mandatos que começaram há
pouco já estarão no começo do fim.
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