domingo, 12 de maio de 2019

O jovem e o desalento


Quem é pai ou mãe deve ter uma profunda preocupação acerca do futuro de seus filhos. Costuma-se dizer que cada um tenta dar ou deixar para os seus filhos um pouco mais do que receberam. É natural que isto ocorra.

Dentre as inúmeras preocupações que os pais e mães possuem para com seus filhos é o de garantir uma formação profissional para que eles tenham oportunidades de emprego e renda que possa lhes garantir certo padrão de qualidade de vida.

Entretanto, como tendência mundial há um grande volume de jovens desempregados. As causas são muitas: baixo nível de escolaridade e qualificação, ausência de experiência profissional, desinteresse em desenvolver atividades laborais, dentre outros.

Há uma crise de emprego no país e chegamos a um ponto em que uma formação superior não é mais garantia de uma boa colocação no mercado de trabalho. Há um grande número de pessoas com formação superior atuando em áreas diversas das de suas respectivas formação acadêmica, justamente porque o mercado de trabalho nacional não está dando conta de absorver toda a massa de desempregados que aumenta a cada ano.

Para ilustrar com uma análise mais regionalizada vamos considerar o que ocorre nos municípios da microrregião de Apucarana, que abrange nove municípios: Apucarana, Arapongas, Califórnia, Cambira, Marilândia do Sul, Mauá da Serra, Novo Itacolomi e Sabáudia.

Do ano de 1995 a 2003 tivemos o registro de 38.390 nascidos vivos, o que pode representar o contingente de jovens na faixa etária dos 17 aos 24 anos de idade, sem considerar os processos migratórios. Deste total de jovens somente 42,1% estão empregados no mercado formal. Dentre os municípios da região o que apresenta a menor incidência de jovens nesta faixa etária empregados é o município de Marilândia do Sul onde somente 12,5% dos jovens possuem emprego formal. No outro extremo temos o município de Sabáudia que possui 773 jovens com emprego formal, o que representa 112,5% de jovens empregados em relação ao número de nascimentos para a faixa etária.

Estes números podem ser explicados tanto pela característica de alguns municípios de serem essencialmente agrícolas e seus jovens podem estar ocupados nas atividades da agricultura, bem como, no caso de Sabáudia, por ser destino de migração regional de mão-de-obra por conta das atividades econômicas predominantes na localidade.

Para demonstrar a situação de agravamento do desemprego de jovens na região temos que no ano de 2010 do total de empregos formais na microrregião cerca de 23% eram ocupados por jovens de até 24 anos. Esta participação relativa caiu para 16,7% no ano de 2017, demonstrando a ausência de oportunidades de empregos para nossos jovens. No ano de 2018 esta relação aumentou um pouco e atingiu 19,1%.

Podemos afirmar, de forma inequívoca, que há uma crise de emprego no país, nos estados e nos municípios. Esta crise se torna ainda mais grave quando voltamos a análise do desemprego para os nossos jovens. E para agravar ainda mais a situação não temos notícias de que os agentes políticos estejam pelo menos debatendo tal assunto.

O que sabemos é que os jovens a partir dos 16 anos já podem votar e ajudar a eleger os ocupantes de cargos eletivos e, por conta disto, são assediados pelos candidatos em épocas de eleições e o futuro dos jovens passa a ocupar boa parte dos discursos destes políticos. Já passou da hora do futuro dos nossos jovens sair do discurso dos nossos políticos e passar a ser debatido e inserido nas propostas de políticas públicas, caso contrário o futuro que os aguarda será o desalento. Que o debate comece pelos vereadores de nossa região.

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