Temos méritos internos de
muitas ações de governos estaduais e municipais no combate a pandemia e na
proteção ao setor produtivo. Muito pouco é mérito das ações do governo federal,
até porque muito pouco está sendo feitos neste nível. Pelo contrário, conforme
o economista Márcio Pochmann citou, estamos vivenciando um apagão oficial na
geração de dados estatísticos de responsabilidade do governo federal. Estas
estatísticas deveriam subsidiar a elaboração de políticas públicas para os
próximos anos, mas isto também se prejudicará pela inércia governamental.
Estamos vivenciando um período
onde o binarismo está prevalecendo. Temos o obscurantismo do governo (ou do
governante) de um lado e movimentos progressistas, de outro. Ambos os lados
possuem seus defensores, só que a violência nas suas ações estão se evidenciando
e muitas pessoas que gostariam de participar do debate político recuam para não
serem atingidos pelas ondas de intolerância que podem surgir de qualquer lado.
Exemplos temos aos montes e ocorrem quase todos os dias.
Mesmo com tudo isto, estamos
avançando. O IBGE divulgou o resultado das contas nacionais trimestrais
referentes ao primeiro trimestre de 2021. A economia dá sinais de que está
começando a se recuperar. No primeiro trimestre de 2021 o PIB cresceu 1,2%
comparado com o último trimestre de 2020. Na comparação ao mesmo período do ano
anterior o crescimento foi de 1%. A notícia é muito boa, mas deve ser
comemorada com moderação, pois o acumulado nos últimos quatro trimestres ainda
aponta para uma queda de 3,8%.
Também temos que atentar para
os agregados que puxaram este desempenho. Os dois grandes motores históricos de
nosso PIB, o consumo das famílias e os gastos governamentais apresentaram queda
de desempenho no trimestre, -0,1% e -0,8%, respectivamente. Da mesma forma, a
balança comercial se apresentou deficitária pelo forte crescimento das nossas
importações.
O destaque ficou por parte do
investimento privado, constituído pela formação bruta de capital fixo e pela
variação de estoques. O seu crescimento foi de 4,6% no primeiro trimestre do
ano. É bom, pois indica que o setor privado está voltando a investir no setor
produtivo, mas temos que acompanhar se este movimento não será reduzido pelo
aumento dos juros básicos de nossa economia que possui expectativa de atingir
5,5% até o final do ano.
Os resultados dos gastos
governamentais contribuíram para a obtenção de superávit primário nas
estatísticas fiscais do mês de abril e no acumulado no quadrimestre. Mas as
expectativas ainda persistem em déficit primário equivalente a 3% do PIB para o
ano de 2021. É questão de tempo para que o governo abra os cofres para a
gastança rumo ao desequilíbrio persistente nas contas públicas.
Mesmo assim as expectativas
acerca do crescimento da nossa economia em 2021 já estão girando na mediana de
3,96%. Há que aposte em crescimento em torno de 5%. É possível que tenhamos um
bom desempenho, porém temos que ter cautela e ficarmos atentos aos próximos
movimentos de políticas públicas. Há muito a ser feito antes de termos a
certeza de uma melhora sustentável.
0 comentários:
Postar um comentário