domingo, 22 de novembro de 2015

Teste de fidelidade

O Ministério do Planejamento afirmou que o momento econômico brasileiro tem se mostrado desafiador. Isto está escrito no 5º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado neste mês e confirma o cenário de deterioração da atividade econômica e das contas públicas. Mas isto não é novidade, pois as atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM) vem indicando isto mensalmente e os analistas de mercado e economistas também.

No relatório confirmou-se a projeção de um “desastre” na evolução do PIB, que deverá encolher entre 2,95% e 3,33% neste ano e como esta evolução é que orienta as projeções de receitas e de despesas do governo federal fica claro que o governo não está sendo fiel aos preceitos básicos que balizam a gestão financeira e orçamentária.

Oras bolas, se o governo sabia que ocorreria a retração da economia e com isto a retração da arrecadação, nada mais correto e honesto de serem conservadores na condução da política fiscal ajustando as despesas realizadas  às receitas previstas. Mas o que tem acontecido é realmente o contrário, ficam projetando aumentos de receitas para manter e até mesmo aumentar o nível real de despesas. Um verdadeiro absurdo, do ponto de vista técnico, e uma grandiosa traição para com o povo brasileiro.

Fizemos uma verdadeira “lambança” que culminou numa crise fiscal, que se transformou em crise econômica e que se transformou em crise política. A confiança está abaladíssima e muito pouco se fez e se pode fazer para resolver o problema. Para tentar “manter a relação” foram tomadas algumas medidas de ajustes para contingenciar recursos não discricionários, mas novamente o componente ideológico impede o governo federal de ser mais corajoso e de tomar medidas mais robustas no sentido de equilibrar as finanças públicas.

O estrago já está feito e com isto os estados e municípios irão sofrer um verdadeiro “sangramento” em suas contas neste ano. A revisão da estimativa da receita líquida de transferências a estados e municípios indica uma forte queda nos repasses da União e que não serão compensadas pelas transferências dos estados e nem pela arrecadação de impostos e taxas nos municípios. Com isto o “cinto” das prefeituras deverão ser apertados ainda mais e muitas deverão ter dificuldades para fechar as contas no final de 2015. Não adianta cortar o cafezinho e nem trabalhar em meio expediente, porque as despesas já estão feitas e devem ser pagas.

Mas isto também estava sinalizado há muito tempo, só não enxergou quem não quis. Fomos traídos e sabíamos que seríamos. Nada fizemos. 

O professor Vandereley Ceranto postou numa rede social uma frase de Arthur Schopenhauer que diz que “A riqueza é como água salgada: quanto mais se bebe, mais sede se tem”. Mas completou, como uma solução, que devemos ter em mente o mesmo pensamento de Gotthold Lessing que afirmou que “a riqueza é a menor das necessidades; [pois] a maior é a sabedoria”.

O que faltou para nossos governantes não foi somente honestidade, uma vez que mentiram e traíram o povo brasileiro, o que também faltou foi sabedoria para cultivar o estado de bem estar social e trazer felicidade e harmonia para todos. Mas agora, Inês é morta.

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