domingo, 9 de dezembro de 2018

Os medos de 2019


Com a eleição dos novos governantes do país e dos estados e com um Congresso Nacional com grandes mudanças em sua composição o povo brasileiro começou a demonstrar uma sensação de esperança em dias melhores. Embora ainda tenhamos discussões acerca do processo eleitoral atípico por conta dos extremismos de partidários e eleitores de todos os candidatos, aparentemente a maioria dos brasileiros acredita que o cenário socioeconômico irá melhorar.

Algumas pessoas ainda se colocam de forma cética e duvidam de que o novo governo conseguirá fazer uma gestão para todos. Mas o ideal é que todos torçam para que os novos governantes acertem nas suas decisões e consigam tirar o país, os estados e os municípios do lodo fiscal em que se encontram.

Todos sabem que para que isto ocorra é inevitável que os governos façam ajustes fiscais cortando despesas e/ou aumentando receitas. O ajuste é o ponto de partida para começarem os novos mandatos demonstrando intenções reais de se fazer algo para melhorar a vida da população. Porém, o que podemos esperar será uma tentativa de se aumentar os impostos e, talvez, a criação de novas taxas e contribuições.

Isto já vem acontecendo ano após ano e não acredito que poderá ser diferente com os novos políticos. Para corroborar com tal sensação temos que no ano de 2017 a tributação aumentou 1,4% enquanto a economia cresceu somente 1%. Isto sem falar que os déficits dos governos não reduziram significativamente indicando que não ocorreram decisões de cortes de despesas.

Com efeito, temos que a expectativa para os próximos anos é de aumento dos juros básicos da economia que irão refletir nos juros pagos por todos os brasileiros.

Se não bastasse isto a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) deverá alcançar, em 2018, o equivalente a 77,3% do Produto Interno Bruto (PIB), apresentando um crescimento de três pontos percentuais no ano. O setor público está arrecadando mais e gastando muito mais, uma vez que aumentou o seu endividamento. E o pior é que as expectativas da Secretaria do Tesouro Nacional são de que a DBGG aumente nos próximos anos e atinja o equivalente a 80% do PIB na primeira metade do mandato de Bolsonaro.

Para se ter uma noção dos impactos do endividamento sobre a saúde econômica do Brasil podemos sintetizar da seguinte forma: se aumenta o déficit público há aumento do endividamento para financiar o déficit; com o aumento do endividamento há o aumento do risco-país; com o aumento do risco-país há a necessidade do governo aumentar os juros básicos da economia para conseguir colocar os títulos federais no mercado para financiamento do déficit; com o aumento dos juros há a redução dos níveis de investimentos privados e do consumo das famílias implicando numa  desaceleração do PIB; com uma desaceleração no crescimento ocorre um princípio de aumento do desemprego e, consequentemente, redução da massa salarial paga.

Isto sem falar na agenda que Bolsonaro terá já no início do mandato com a questão do subsídio do diesel, definição da regra de reajuste do salário mínimo e pressão para reajustes salariais dos servidores civis e militares do governo federal. Combinações explosivas e um teste de tensão muito grande para o novo Presidente e sua equipe.

As mesmas tensões deverão ocorrer nos estados com os novos governantes, o que significa que 2019 será um ano difícil para todos os brasileiros e em especial para os governantes. Resta saber como reagirão frente a tais eventos e quais soluções darão para o problema, ou melhor, quanto que a população terá que pagar a mais ou deixar de receber. Estes são alguns dos medos que teremos em 2019.

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