quarta-feira, 7 de julho de 2021

Os prejuízos para a educação

Já comentei diversas vezes sobre a importância da educação para o crescimento e desenvolvimento da uma economia, bem como sobre a impressão de que muitos governantes não estão se preocupando com a qualidade do ensino oferecido para os alunos. Esta é uma questão social e econômica e como tal deve ser tratada.

Na teoria econômica os modelos de crescimento econômico consideram a educação como sendo uma variável importante para se obter o crescimento e, consequentemente, o desenvolvimento. É fato que muitos estudos já apresentaram resultados que relacionam as maiores remunerações do mercado de trabalho a um maior tempo de estudo. Mas não é somente a quantidade de anos de estudo que importa, a qualidade da educação é fundamental para proporcionar um crescimento econômico mais sustentável.

O crescimento se refere basicamente ao comportamento da produção de bens e serviços. A educação como elemento estrutural entra na melhoria da qualidade de vida e compõem os estudos de desenvolvimento econômico. Para se desenvolver temos que ter crescimento econômico e para isto temos que ter uma educação de qualidade que garanta a devida qualificação das pessoas que atuarão na economia.

Em países onde a educação não atinge índices elevados de qualidade temos que: a geração de riqueza ocorre de forma mais lenta, há acumulação de capital entre os mais ricos e a qualidade de vida da maioria da população não é muito boa. Somente a educação de qualidade é que pode reverter estas situações.

Estamos há mais de quatorze meses com ensino no formato remoto. Este formato está sendo utilizado para substituir o ensino que não está ocorrendo presencialmente por causa da pandemia. Mas o que vemos, em boa parte dos casos, é a aplicação de uma educação a distância (EAD) e não de ensino remoto. No ensino remoto são utilizadas metodologias, interações e estratégias de ensino que tentam garantir a efetividade do aprendizado. Vai muito mais além do que somente disponibilizar os conteúdos.

Para termos aproveitamento efetivo da educação neste período de pandemia muitas tecnologias deveriam ser utilizadas desde o início acompanhado de capacitação dos educadores para lidar com estas tecnologias e termos a segurança que na outra ponta, a dos alunos, também se tenham condições de acompanhar as aulas com padrões mínimos de qualidade. Mas o que estamos presenciando não é bem isto. Os trabalhadores da educação estão sendo exigidos para além do que foram preparados e os alunos sofrendo com a falta de estrutura para o ensino.

Um estudo realizado pelo Instituto Datafolha encomendado pela Fundação Lemann, Itaú Social e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apontaram para esta precariedade no ensino. Ele aponta que 40% dos alunos da educação básica não estão evoluindo nos estudos e podem abandonar os estudos. Na região Sul este índice é de 31%.

Cerca de 3% das crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos já estão fora da escola. Este percentual representa cerca de 1 milhão de pessoas que se encontram fora da escola. E as razões são diversas, desde falta de acesso à internet até falta de recursos financeiros.

Os prejuízos para a formação de nossos jovens são óbvios e refletirão em prejuízos para o crescimento econômico de médio prazo e numa demora bem mais longa para avançarmos na melhoria da qualidade de vida da população. Nossos agentes políticos não discutiram o processo educacional no período da pandemia. Resta torcer para que comecem e discutir como estes prejuízos poderão ser minimizados. Porque prejuízos teremos.

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