O sistema representativo e o
regime democrático são princípios constitucionais da forma republicana. Esses princípios devem ser observados e
respeitados por todos, inclusive para os detentores de mandatos eletivos.
A democracia é uma forma de
governo onde o povo elege livremente seus representantes os quais devem
respeitar os direitos civis e individuais dos cidadãos. Desta forma entende-se
que os detentores de cargos eletivos estão a serviços dos cidadãos. Mas o que
observamos na prática é que muitos eleitos deixam de lado as opiniões, desejos,
anseios e necessidades dos cidadãos e passam a atuar de acordo com os seus
interesses. Isto está errado.
Os detentores de cargos
eletivos devem respeitar as pessoas, mas o que vemos, novamente, é o contrário:
quando um cidadão se opõe às ideias deles são agredidos verbalmente, moralmente
ou mesmo fisicamente. Isto, também, está errado.
Quando as pessoas opinam que
o número de vereadores em Apucarana deve se manter 11 ou ser de 15 ou outro
número qualquer suas opiniões devem ser respeitadas. Isto é constitucional.
Chegamos ao disparate de vereadores alegarem que “eles foram eleitos e votam
como quiserem”. Outro erro. Eles devem auscultar a sociedade e refletir sobre
os ruídos emanados por todos os cantos da cidade.
O argumento de alguns é que
devem aumentar a quantidade para garantir a representatividade. Pois bem,
representatividade significa representar politicamente os interesses do povo
com efetividade e qualidade. Ser efetivo na representatividade é produzir um
efeito real, mudando a realidade posta de forma a atender os anseios do povo.
Ter qualidade na representatividade é estar treinado e preparado para exercer a
função. Isto não precisa, necessariamente, estar vinculado à formação
acadêmica, mas à formação cidadã. O economista e filósofo inglês John Stuart
Mill indica a preocupação com a preparação dos representantes escolhidos.
Estarem preparados significa
que os representantes se diferenciam dos representados por possuir maior
sabedoria e ter um espírito público elevado. Somente com estes atributos os
eleitos podem ter liberdade de ação. Caso contrário devem consultar, sim, os
representados, ou seja, o povo.
Se a democracia “é o governo
do povo, para o povo, pelo povo” a opinião do povo deve ser levada em
consideração pelos “representantes”, pois se não o fazem não os representam e
se não os representam não poderiam estar lá. Simples assim.
De acordo com o filósofo
Pedro Demo, “não ter e não ser” são as duas formas de pobreza. Se não temos
qualidade na representação e nem somos consultados pelos representantes somos
duplamente pobres, sofremos de pobreza política.
Que seja feita a
vontade do povo. Se a vontade do povo é que tenhamos 11 vereadores, que assim
seja. Mas se a vontade é de ter outra quantidade, que assim seja também. Isto
vale para todos. Mas a decisão deve ser do povo.
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